Pesquisa inédita da USP e Unoeste aponta que quase 60% dos brasileiros hipertensos não seguem corretamente o tratamento medicamentoso, alerta que reforça dados do novo Relatório da OMS sobre a epidemia global da hipertensão arterial. O estudo, publicado no International Journal of Cardiovascular Sciences em 2024, destaca um grave desafio para a saúde pública brasileira e mundial, evidenciando a baixa adesão aos medicamentos entre pacientes diagnosticados com pressão alta.
Os impactos da não adesão ao tratamento
A hipertensão arterial, conhecida popularmente como pressão alta, é uma das principais causas de doenças cardiovasculares, que são responsáveis por uma grande parcela de mortes no Brasil. O levantamento feito por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade do Oeste Paulista (Unoeste) mostra que aproximadamente 60% dos pacientes hipertensos não seguem corretamente o tratamento prescrito, seja por falhas na administração dos medicamentos ou abandono do tratamento.
Esse comportamento compromete o controle da doença e eleva o risco de complicações como acidentes vasculares cerebrais (AVCs), infartos e insuficiência renal. Segundo o professor Evandro José Cesarino, coordenador do estudo, “a descontinuidade do tratamento representa um dos maiores desafios para a redução da mortalidade relacionada à hipertensão no Brasil”.
Contexto global e dados da OMS
Em paralelo ao estudo brasileiro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou em 2024 o Relatório Global sobre Hipertensão, que revela a hipertensão como uma epidemia invisível, com desafios significativos no controle da doença em escala mundial. A OMS estima que mais de um bilhão de pessoas vivem com hipertensão, muitas delas sem diagnóstico ou tratamento adequado.
Durante a 80ª Assembleia Geral da ONU, a OMS reforçou a urgência de políticas públicas eficazes para controlar a pressão arterial e melhorar a adesão ao tratamento medicamentoso. O relatório aponta que a melhoria na adesão poderia reduzir substancialmente as complicações cardíacas e cerebrovasculares globalmente.
Fatores que influenciam a adesão ao tratamento
Diversos fatores contribuem para a baixa adesão ao tratamento da hipertensão no Brasil. Entre eles, destacam-se:
- Dificuldade de acesso a medicamentos e serviços de saúde
- Falta de orientação adequada sobre a importância do tratamento contínuo
- Efeitos colaterais dos medicamentos que desmotivam os pacientes
- Hábitos de vida inadequados, como dieta pobre e sedentarismo
A farmacêutica Daniela Reis salienta que “pequenas mudanças no estilo de vida, associadas à correta administração dos medicamentos, podem transformar a vida dos pacientes hipertensos”.
Dicas práticas para melhorar o controle da pressão arterial
Especialistas recomendam que os pacientes adotem hábitos simples para auxiliar no controle da pressão, tais como:
- Manter uma alimentação balanceada, reduzindo o consumo de sal e gordura
- Praticar atividades físicas regularmente, pelo menos 30 minutos por dia
- Evitar o uso excessivo de álcool e o tabagismo
- Fazer o acompanhamento médico periódico para ajuste do tratamento
- Organizar horários para a ingestão dos medicamentos, criando rotinas
Embora apenas 5% da população siga esses hábitos conforme apontado em estudos recentes, a adoção dessas práticas é fundamental para a melhoria da qualidade de vida dos hipertensos.
Próximos passos e importância da conscientização
Os resultados dessa pesquisa reforçam a necessidade de campanhas educativas e intervenções que promovam a adesão ao tratamento da hipertensão. Profissionais de saúde e formuladores de políticas públicas têm papel fundamental para garantir acesso aos medicamentos, orientação adequada e suporte contínuo aos pacientes.
O acompanhamento eficaz pode reduzir custos com tratamentos emergenciais e internamentos decorrentes de complicações, além de salvar vidas. É imprescindível que o controle da hipertensão seja encarado como uma prioridade nacional e global.
Fonte:
UOL – Quase 60% dos hipertensos brasileiros não seguem tratamento, aponta estudo. UOL
Barelandia – OMS alerta para epidemia invisível de pacientes que não seguem tratamentos crônicos. Barelandia
Correio Braziliense – Este hábito pode ajudar a reduzir a pressão arterial e apenas 5% das pessoas o fazem, diz novo estudo. Correio Braziliense
ONU News – OMS destaca desafios globais para controle da hipertensão na 80ª Assembleia da ONU. ONU News
