Operação conjunta do Ministério Público e Polícia Civil desarticula sofisticado esquema da facção criminosa em Presidente Prudente e região
Uma vasta operação conjunta do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) e da Polícia Civil desarticulou, nesta quinta-feira (24 de outubro de 2025), um complexo e perigoso plano do Primeiro Comando da Capital (PCC) para assassinar o renomado promotor de Justiça Lincoln Gakiya e o coordenador de presídios Roberto Medina, ambos figuras-chave na luta contra o crime organizado na região de Presidente Prudente, interior de São Paulo. A ação policial resultou no cumprimento de 25 mandados de busca e apreensão, revelando uma intrincada rede de monitoramento e intenções criminosas.
Contexto
A desarticulação do plano do PCC representa um golpe significativo contra a facção criminosa, que há anos tenta silenciar e retaliar autoridades que combatem suas atividades ilícitas. O promotor Lincoln Gakiya é uma das personalidades mais visadas pelo grupo, com sua atuação fundamental em diversas investigações e processos que resultaram na prisão e condenação de líderes do PCC. Por sua vez, Roberto Medina, como coordenador de presídios, lida diretamente com a gestão carcerária, ambiente crucial para as articulações da facção.
As investigações que culminaram na operação foram intensas e de longa duração, envolvendo o trabalho de inteligência do Ministério Público de São Paulo, por meio do GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), e da Polícia Civil, com o apoio da Polícia Militar e da Polícia Penal. A apuração revelou que a ordem para os assassinatos de Gakiya e Medina fazia parte de um “salve” — uma espécie de comunicado interno da facção — mais amplo. Segundo o próprio promotor Lincoln Gakiya, em declaração à GloboNews, esse mesmo “salve” já havia sido cumprido em parte, resultando na morte do ex-delegado Ruy Ferraz Fontes.
A complexidade do plano do PCC para executar os dois alvos chamou a atenção dos investigadores. Foi constatado um minucioso esquema de monitoramento, que incluía a utilização de drones para vigiar as rotinas das vítimas e até o aluguel de casas em proximidade com suas residências. A análise de celulares apreendidos, como os de Vitor Hugo da Silva, conhecido como VH, e Sérgio Garcia da Silva, o Messi, forneceu evidências cruciais de vigilância constante e áudios que detalhavam as intenções criminosas da facção. A equipe de reportagem de Bruno Tavares (TV Globo e g1 SP) acompanhou de perto a deflagração da operação, atestando a veracidade e a robustez da apuração.
Ameaças Precedentes e a Atuação de Gakiya
Não é a primeira vez que Lincoln Gakiya se torna alvo de planos de assassinato do PCC. Sua persistente luta contra a facção o colocou em uma lista de alvos prioritários, consolidando sua imagem como um dos maiores inimigos do crime organizado no estado. A relevância de sua atuação se estende desde a transferência de líderes do PCC para presídios de segurança máxima até a desarticulação de grandes esquemas de lavagem de dinheiro e tráfico de drogas.
O Papel de Roberto Medina
O coordenador de presídios Roberto Medina também desempenha um papel estratégico na linha de frente do combate ao crime organizado. Sua posição no sistema penitenciário é fundamental para a manutenção da ordem nas unidades prisionais, impedindo que os líderes de facções continuem a comandar ações criminosas de dentro das prisões. O plano contra ele demonstra a tentativa do PCC de desestabilizar a administração penitenciária e facilitar a comunicação externa de seus membros.
Impactos da Decisão
A bem-sucedida operação que desmantelou o plano de assassinato do PCC tem impactos multifacetados, reverberando em diversas esferas da sociedade e da segurança pública. Primordialmente, a ação reforça a proteção e a segurança de autoridades que, como Gakiya e Medina, dedicam suas vidas ao combate ao crime organizado, muitas vezes com grande risco pessoal. A capacidade das forças de segurança de antecipar e neutralizar tais ameaças é vital para a manutenção da ordem e da confiança no sistema.
No âmbito da segurança pública, a operação serve como um claro sinal da eficácia do trabalho de inteligência e da cooperação interinstitucional entre o Ministério Público e as polícias. A coordenação entre o GAECO, a Polícia Civil, Polícia Militar e Polícia Penal foi determinante para o sucesso da ação, que não apenas frustrou os assassinatos, mas também descapitalizou parte da rede criminosa envolvida no planejamento. Os 25 mandados de busca e apreensão resultaram na coleta de novas provas e na identificação de outros possíveis envolvidos, enfraquecendo a estrutura operacional da facção.
Para o combate ao crime organizado, a desarticulação do plano de assassinato de autoridades representa uma vitória simbólica e prática. O PCC depende da intimidação e da execução de seus opositores para manter sua hegemonia e o medo entre a população e as instituições. A frustração deste plano mostra que o estado tem mecanismos para proteger seus agentes e reagir às ameaças, minando a percepção de impunidade que muitas vezes fortalece essas organizações criminosas.
Reforço da Atuação Profissional
A visibilidade e o sucesso da operação tendem a encorajar outros profissionais do Direito, da Segurança Pública e do Sistema Prisional a prosseguir com seu trabalho, mesmo diante das ameaças. O apoio institucional e a demonstração de que o estado é capaz de proteger seus membros são cruciais para a moral e a eficácia dessas categorias, que são o público-alvo principal, juntamente com os cidadãos interessados em segurança pública.
Precedente para o Crime Organizado
O desmantelamento do esquema do PCC estabelece um importante precedente. Ele mostra que a expertise da facção em planejar atos de violência é passível de ser neutralizada por uma inteligência estatal robusta. A utilização de tecnologias como drones e a complexidade logística para o monitoramento, que antes podiam parecer invencíveis, foram interceptadas, o que pode levar a um reajuste nas táticas das facções, mas também aumenta a vigilância sobre elas.
Próximos Passos
Os desdobramentos da operação “PCC plano assassinato Gakiya Medina” são esperados em múltiplas frentes, com o objetivo de aprofundar as investigações e desmantelar completamente a rede de criminosos envolvida. A análise do vasto material apreendido durante os 25 mandados de busca e apreensão, incluindo celulares e documentos, será fundamental para identificar novos alvos, tanto indivíduos ligados à execução do plano quanto aqueles que ocupam posições de liderança e financiamento dentro do PCC. As autoridades planejam quebras de sigilo adicionais e aprofundamento das análises forenses.
O Ministério Público de São Paulo e a Polícia Civil continuarão a monitorar de perto as atividades do PCC, especialmente na região de Presidente Prudente e no restante do estado. Espera-se que a segurança de autoridades como Lincoln Gakiya e Roberto Medina seja intensificada, e que novas medidas de proteção sejam implementadas para prevenir futuros atentados. O combate às ordens de “salve”, que emanam de dentro e fora dos presídios, permanecerá como uma prioridade.
A repercussão desta operação no cenário político e social também é aguardada. As discussões sobre a fragilidade da segurança pública, a ousadia do crime organizado e a necessidade de investimentos em inteligência e recursos para as forças de segurança devem ser reacendidas. É provável que sejam propostas novas legislações ou o fortalecimento das existentes para lidar com a ameaça das facções criminosas, bem como a avaliação das políticas penitenciárias.
Novas Ações e Prisões
Com base nas informações coletadas, não se descarta a possibilidade de novas fases da operação e a emissão de mais mandados de prisão. Os investigadores buscarão ligar os pontos entre os membros da facção, os mandantes e os executores, visando responsabilizar todos os envolvidos. O objetivo é desarticular não apenas a célula responsável pelo plano de assassinato, mas também enfraquecer a estrutura hierárquica e financeira do PCC.
Cooperação Inter-regional
A natureza do PCC, que atua em diversas regiões do Brasil e até internacionalmente, sugere a possibilidade de cooperação com outras forças-tarefa e ministérios públicos de outros estados. O intercâmbio de informações e a coordenação de ações podem ser cruciais para mapear a atuação da facção em um espectro mais amplo e desferir golpes mais contundentes contra sua hegemonia. A busca por justiça para o ex-delegado Ruy Ferraz Fontes também deve ser impulsionada pelos novos dados obtidos.
Fonte:
G1/Globo – Ordem do PCC que matou ex-delegado também cobrava execução de promotor e diretor de presídio, diz Lincoln Gakiya. G1/Globo
G1/Globo – Polícia faz operação após monitoramento de autoridades e suspeita de plano para executar promotor e diretor de presídios em SP. G1/Globo
