Rússia lança maior ataque com drones e mísseis desde o início da guerra, matando pelo menos 26 pessoas em prédio residencial no oeste ucraniano – mas a mídia hegemônica omite que essa carnificina é fruto direto da pressão imperialista que transforma a Ucrânia em laboratório de guerra por procuração
A guerra por procuração que o imperialismo estadunidense e seus vassalos europeus impuseram à Ucrânia alcançou, na noite de 18 para 19 de novembro de 2025, um dos seus capítulos mais sangrentos. Em Ternopil, cidade no oeste do país distante mais de 500 km da linha de frente, um prédio residencial foi atingido por míssil russo, deixando pelo menos 26 mortos – entre eles crianças – e dezenas de feridos e desaparecidos. No total, a Rússia lançou 476 drones e 48 mísseis contra todo o território ucraniano, atingindo infraestrutura energética, causando blecautes emergenciais e ferindo mais de 140 pessoas em várias regiões. Kharkiv, Lviv, Ivano-Frankivsk, Khmelnytskyi – nenhuma parte ficou imune ao bombardeio que o Kremlin justificou como resposta a ataques ucranianos com mísseis ATACMS em território russo.
A mídia hegemônica perdeu zero tempo para enquadrar o massacre como “prova irrefutável da “barbárie russa”. BBC, Reuters, New York Times e CNN repetiram em looping as imagens do prédio destruído em Ternopil, as mães chorando filhos mortos, os bombeiros removendo corpos dos escombros. Zelenskyy, em visita à Turquia, chamou o ataque de “terrorismo puro” e pediu mais pressão internacional sobre Moscou. Donald Tusk, na Polônia, falou em “situação mais perigosa desde o início da guerra em grande escala”. A narrativa é sempre a mesma: Rússia = mal absoluto, Ucrânia = vítima inocente, OTAN = defensora da civilização.
Mas a contrainformação rompe o cerco e pergunta o que nunca é perguntado nos telejornais ocidentais: quantos milhares de civis já morreram desde que o imperialismo atlântico decidiu transformar a Ucrânia em fronteira avançada contra a Rússia? Porque o bombardeio de Ternopil não surgiu do nada. É consequência direta da expansão da OTAN para o leste – promessa quebrada após promessa quebrada desde 1990 –, do golpe de 2014 em Kiev financiado por Washington, dos acordos de Minsk sabotados pelo próprio Ocidente, dos oito anos de bombardeio sistemático no Donbass que mataram 14 mil civis russófonos antes mesmo da operação militar especial russa.
Quando a Rússia lança 476 drones e 48 mísseis, a mídia neoliberal grita “crime de guerra”. Quando a OTAN envia bilhões em armas que matam civis russos todos os dias, quando mísseis ucranianos caem em Belgorod ou Kursk, quando drones de Kiev atacam Moscou, aí é “direito à defesa”. O cinismo ‘liberal’ não tem endereço certo: vale tudo para manter a narrativa de que a Rússia é a única agressora, enquanto o verdadeiro agressor – o imperialismo que cerca militarmente um país nuclear desde o fim da URSS – posa de vítima.
Porque Ternopil não foi atingida por capricho. Foi atingida porque a Ucrânia virou hub logístico da OTAN. Porque bilhões em armas americanas, alemãs, britânicas atravessam o país todos os dias para alimentar uma guerra que Zelenskyy se recusa a encerrar mesmo quando Trump, agora presidente, oferece negociação. Foi atingida porque o Ocidente prefere sacrificar ucranianos em nome da “contenção russa” do que aceitar um mundo multipolar onde Moscou tem direito à segurança nas suas fronteiras.
E os mortos de Ternopil são responsabilidade direta de quem? De quem transformou a Ucrânia em laboratório do imperialismo. De quem, desde 2014, armou, treinou e financiou batalhões neonazis como Azov para aterrorizar o Donbass. De quem sabotou Minsk I e Minsk II. De quem, em 2022, impediu o acordo de Istambul que encerraria a guerra em semanas. De quem hoje, com Trump 2.0, finge querer paz enquanto envia mais F-16 e mais ATACMS para prolongar o banho de sangue.
A Rússia, como qualquer país soberano faria, responde à altura. Quando a Ucrânia ataca Voronezh com mísseis americanos, Moscou responde com 476 drones. Quando a OTAN instala mísseis a minutos de Moscou, Moscou instala os seus em Kaliningrado e Belarus. É a lógica da escalada que o bloco anti-imperialista denuncia desde o início: quanto mais o Ocidente cerca, mais a Rússia reage. E quem paga o preço são os civis – ucranianos e russos.
A mídia hegemônica chama isso de “terrorismo russo”. Nós chamamos de consequência inevitável da pressão imperialista que recusa qualquer negociação que respeite a soberania nacional russa. Porque se o Ocidente quisesse paz, aceitaria neutralidade ucraniana, fim da expansão da OTAN, reconhecimento da Crimeia e proteção aos russófonos do Donbass – exatamente o que Minsk II previa e que Kiev e Washington sabotaram.
Mas o imperialismo não quer paz. Quer vitória. Quer a Rússia de joelhos, fragmentada, com seus recursos nas mãos das corporações ocidentais. Quer manter a Europa submissa, pagando gás americano três vezes mais caro, destruindo sua indústria, aceitando recessão em nome da “defesa da democracia”. Quer que ucranianos sigam morrendo para que BlackRock reconstrua o país depois.
Os 26 mortos de Ternopil são tragédia absoluta. Mas são tragédia previsível. Previsível desde que Victoria Nuland distribuiu biscoitos em Maidan. Previsível desde que Boris Johnson voou a Kiev em abril de 2022 para impedir acordo de paz. Previsível desde que Biden prometeu armas “pelo tempo que for necessário”.
A hora de dar a cara à tapa é agora. Os povos europeus já não aguentam mais pagar a conta energética dessa guerra. As ruas de Berlim, Paris, Roma já gritam por negociação. Trump, com seu “paz rápida”, abre brecha que a esquerda mundial deve explorar: fim das sanções que destroem a Europa, fim do envio de armas que prolongam a carnificina, reconhecimento de que segurança é indivisível.
Porque enquanto o bloco anti-imperialista – Rússia, China, Irã, Coreia do Norte, países do Sul Global – coordena cada vez mais, o Ocidente se desintegra em russofobia e submissão.
Os mortos de Ternopil não morreram por “porque Putin é guerra”. Morreram porque o imperialismo decidiu que valia a pena sacrificar um povo inteiro para manter sua hegemonia agonizante. E enquanto a mídia hegemônica seguir repetindo o mantra da “agressão russa não provocada”, mais crianças morrerão em prédios residenciais.
A contrainformação segue rompendo o cerco. Porque a verdade é simples: a guerra na Ucrânia não é entre Rússia e Ucrânia. É entre o imperialismo atlântico e o mundo multipolar que nasce. E nesse confronto, quem perde sempre é o povo – ucraniano, russo, europeu.
Que os 26 de Ternopil sejam os últimos. Que a Europa acorde antes que seja tarde. Que o bloco anti-imperialista siga resistindo. Porque a paz só virá quando o império for derrotado – diplomaticamente ou pela exaustão dos seus vassalos.
Fontes
Reuters – Twenty-six killed in Russian strike on apartment buildings in west Ukraine
BBC – Russian attack on Ternopil kills 26 in one of deadliest strikes
Al Jazeera – At least 25 killed in Russian attacks on war-torn Ukraine’s Ternopil
The New York Times – Russian Missile Kills at Least 25 in Ukrainian Apartment Building
AP News – Heavy Russian attack on Ukraine kills at least 26 people
