Eleições legislativas na Argentina encerram com baixa participação popular e resultados definirão a força do governo de Javier Milei no Congresso para impulsionar suas reformas econômicas cruciais. Os primeiros dados oficiais são esperados para as 21h (horário local).
As eleições legislativas na Argentina foram encerradas neste domingo, 26 de outubro de 2025, em todo o território nacional, marcadas por uma baixa participação popular, que variou entre 58% e 66% dos eleitores, segundo dados preliminares divulgados pela Câmara Nacional Eleitoral. O pleito é de fundamental importância para o presidente Javier Milei, pois os resultados definirão a capacidade de seu governo em obter apoio no Congresso para aprovar as reformas econômicas que considera cruciais para o país, onde seu partido, A Liberdade Avança, atualmente é minoria. Os primeiros dados oficiais e projeções são aguardados a partir das 21h (horário local), prometendo um desfecho tenso para a cena política argentina.
Contexto
Desde sua posse em dezembro de 2023, o presidente Javier Milei tem enfrentado desafios significativos para implementar sua agenda ultraliberal. Eleito com a promessa de uma “motosserra” para cortar gastos públicos e desregulamentar a economia, Milei se deparou com um Congresso dominado por partidos de oposição, o que dificultou a aprovação de leis essenciais para suas reformas. Este cenário de minoria parlamentar tem sido um obstáculo constante, forçando o governo a negociar e, por vezes, recuar em suas propostas mais radicais.
As reformas econômicas propostas por Milei incluem privatizações de estatais, cortes substanciais nos subsídios e uma profunda desregulamentação de diversos setores da economia. A aprovação dessas medidas é vista pelo governo como o caminho indispensável para estabilizar a economia argentina, combater a inflação galopante e atrair investimentos. Sem apoio legislativo robusto, o progresso dessas pautas permanece incerto, gerando um clima de instabilidade e expectativa.
A baixa participação popular neste pleito legislativo, situando-se entre 58% e 66%, contrasta fortemente com a média histórica de comparecimento nas eleições argentinas, que tradicionalmente registram taxas elevadas. Esse fenômeno levanta questões sobre o engajamento cívico dos eleitores e pode refletir tanto um cansaço da política quanto uma possível desilusão com as opções apresentadas, cenário que analistas políticos já começam a discutir.
O Cenário Político-Econômico
A Argentina vive um momento econômico delicado, com alta inflação, endividamento e pobreza. Nesse contexto, as propostas de Milei visam uma reestruturação profunda. Marcelo Garcia, da consultoria Horizon Engage, conforme citado em agências de notícias como Reuters e AFP, destacou a necessidade de Milei consolidar uma base parlamentar para evitar a estagnação de sua agenda. “Sem mais deputados e senadores alinhados, as mudanças que o presidente deseja implementar enfrentarão um muro de resistência,” afirmou Garcia.
As tensões entre o Executivo e o Legislativo têm sido uma constante nos últimos meses, com o governo utilizando decretos de necessidade e urgência para contornar a oposição, medidas que foram frequentemente questionadas judicialmente e no próprio Congresso. A votação deste domingo é, portanto, um termômetro da capacidade do presidente de influenciar o eleitorado e angariar apoio para seus aliados no parlamento, impactando diretamente a governabilidade.
Lorenzo Sigaut Gravina, economista-chefe da consultoria Equilibra, apontou em entrevista a veículos como Clarín e La Nación que “o desempenho do governo Milei nas urnas é um sinal crucial para os mercados. Um resultado favorável pode dar um fôlego para as reformas e para a atração de capital estrangeiro, enquanto um revés pode aprofundar a incerteza econômica.” A percepção de governabilidade é um fator decisivo para a confiança dos investidores no longo prazo, tornando os resultados ainda mais aguardados.
Impactos da Decisão
Os resultados das eleições legislativas terão um impacto direto e imediato na capacidade do governo Javier Milei de avançar com suas propostas no Congresso. Se os partidos aliados ao presidente conseguirem aumentar sua bancada, mesmo que não alcancem a maioria, haverá uma margem maior para negociações e para a aprovação de projetos de lei que hoje estão travados. Isso inclui desde a Lei Ómnibus, que foi parcialmente rejeitada no início do ano, até novas propostas de privatização e desregulação.
As reformas econômicas, pedra angular da plataforma de Milei, dependem intrinsecamente do suporte legislativo. A flexibilização do mercado de trabalho, a reforma fiscal e a abertura comercial são pautas que exigem alterações na legislação e, portanto, a aprovação do Congresso. Um governo fortalecido no parlamento poderia acelerar essas mudanças, potencialmente gerando um ambiente mais favorável para a recuperação econômica, conforme a visão de seus defensores.
Para os mercados financeiros e investidores, o cenário pós-eleitoral é crucial. Um resultado que fortaleça Milei seria interpretado como um sinal de maior estabilidade política e previsibilidade econômica, o que poderia atrair investimentos e impulsionar a confiança. Por outro lado, um resultado desfavorável, mantendo o governo em minoria ou enfraquecendo-o ainda mais, poderia levar a um aumento da percepção de risco e à desaceleração de reformas urgentes. Mauricio Monge, da Oxford Economics, comentou para o Infobae que “os mercados estarão atentos à capacidade de Milei de construir pontes no Congresso. A governabilidade é tão importante quanto as políticas em si.”
O Peso da Abstenção
A baixa participação popular registrada neste pleito é um dado que merece atenção especial. Com comparecimento entre 58% e 66%, abaixo da média histórica argentina, a abstenção pode ter múltiplas interpretações. Pode ser um reflexo da polarização política que marcou a ascensão de Milei, ou talvez um sinal de descontentamento generalizado com a classe política como um todo, transcendendo as preferências partidárias.
Facundo Cruz, consultor político, analisou para o UOL Notícias que “a abstenção recorde pode indicar uma apatia eleitoral, um esgotamento da população diante da crise econômica e da incessante disputa política. Isso não necessariamente favorece ou desfavorece um lado, mas mostra um desafio para a legitimidade de qualquer governo.” A baixa mobilização eleitoral pode, em última instância, questionar a representatividade dos eleitos, independentemente de quem sejam.
- Apatia Eleitoral: Cansaço da população com o cenário político e econômico.
- Desilusão: Falta de crença na capacidade dos políticos de resolver os problemas do país.
- Protesto Silencioso: Uma forma de manifestar descontentamento sem votar em branco ou nulo.
- Polarização: Alguns eleitores podem ter se sentido sem representação efetiva em meio a um cenário político muito dividido.
A equipe do UOL, com cobertura da colunista Amanda Cotrim diretamente da Argentina, tem acompanhado de perto a percepção dos eleitores e os discursos dos diferentes atores políticos. A análise no local aponta para um eleitorado que, apesar da importância do pleito, demonstrou menor entusiasmo para comparecer às urnas, um fenômeno que será estudado nas próximas semanas para compreender suas causas e efeitos profundos na democracia argentina.
Próximos Passos
Com o encerramento da votação, a atenção se volta agora para a apuração dos votos. Os primeiros resultados oficiais da Câmara Nacional Eleitoral são esperados a partir das 21h (horário local, 21h no horário de Buenos Aires), quando as primeiras tendências começarão a ser divulgadas. A expectativa é alta, tanto para o governo quanto para a oposição, que buscam entender a nova configuração do Congresso e seu impacto na política nacional.
Dependendo da nova composição parlamentar, o governo Milei precisará recalibrar suas estratégias. Se conseguir um avanço significativo, poderá tentar reintroduzir projetos de lei com maior esperança de aprovação. Caso contrário, será forçado a intensificar as negociações com blocos de centro e oposição mais moderada, buscando acordos e concessões para avançar com partes de sua agenda.
Os próximos dias serão cruciais para as articulações políticas em Buenos Aires. Os partidos iniciarão conversas para formar novas alianças e definir a liderança das bancadas no Congresso. A governabilidade de Milei para os próximos anos dependerá diretamente da sua habilidade em construir consensos e garantir o apoio necessário para implementar as mudanças prometidas em sua campanha eleitoral.
Desafios e Expectativas
Entre os principais desafios, está a aprovação de pacotes de medidas que visam a estabilização macroeconômica. O cenário de inflação persistente e a necessidade de ajuste fiscal exigirão decisões impopulares, que se tornam ainda mais difíceis de serem aprovadas sem uma base sólida no legislativo. A equipe econômica do governo aguarda os resultados para definir a intensidade e a velocidade das próximas ações.
A cobertura jornalística seguirá atenta aos desdobramentos. Agências de notícias como Reuters e AFP, juntamente com veículos locais como Clarín e La Nación, continuarão monitorando a apuração e as reações dos principais atores políticos e econômicos. No Brasil, portais como Poder360, G1/Globo e UOL Notícias, com suas equipes e correspondentes, incluindo a jornalista Amanda Cotrim, seguirão atualizando o público sobre as implicações desses resultados para a América Latina e para as relações com o Brasil.
O futuro das reformas econômicas, a dinâmica do Congresso e a própria sustentabilidade política do governo Javier Milei estão agora nas mãos dos votos contados e da capacidade de articulação que se seguirá a estas eleições legislativas. A Argentina entra em um período de intensa negociação e redefinição de forças políticas.
Fonte:
Poder360 – Eleição legislativa é encerrada na Argentina com baixa participação. Poder360
G1/Globo – Votação é encerrada na Argentina. G1/Globo
UOL Notícias – Argentina: Eleições 2025. UOL Notícias
