PSOL pede prisão imediata do deputado por descumprir medidas cautelares e viajar aos EUA sem autorização – Câmara diz que “não foi informada” e expõe o tratamento VIP que o golpismo bolsonarista ainda recebe nas instituições
O golpismo bolsonarista deu mais uma demonstração escancarada de desprezo pela Justiça e pela soberania popular brasileira. Nesta quinta-feira 21 de novembro de 2025, o PSOL protocolou no Supremo Tribunal Federal pedido de prisão preventiva do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Abin e um dos principais investigados nos inquéritos das milícias digitais e da Abin paralela que serviu ao gabinete do ódio durante o governo Bolsonaro. O motivo é cristalino: Ramagem foi fotografado em Miami, nos Estados Unidos, passeando com a família, violando abertamente as medidas cautelares que lhe proibiam sair do país sem autorização judicial desde 2024.
O privilégio que a mídia hegemônica chama de “viagem particular”
A mídia hegemônica – GloboNews, CNN Brasil, Folha de S.Paulo, O Estado de S.Paulo – tratou o caso como “polêmica jurídica” ou “novo capítulo no embate entre poderes”. Mas a contrainformação já rompeu o cerco e chama pelo nome que merece: tentativa de fuga de um dos arquitetos do esquema de espionagem ilegal que monitorou adversários políticos, jornalistas e até ministros do STF para alimentar o gabinete do ódio bolsonarista. Ramagem, que tem passaporte retido por decisão de Alexandre de Moraes, apareceu em fotos nas redes sociais curtindo Miami como se a proibição judicial fosse mera sugestão para pobre.
A Câmara dos Deputados, em nota oficial, disse que “não foi comunicada oficialmente sobre a viagem”. Traduzindo: o deputado bolsonarista simplesmente ignorou a Justiça, pegou um avião e a presidência da Casa, comandada por Hugo Motta, faz vista grossa. É o mesmo Congresso que se recusa a cassar deputados investigados por golpismo, que protege réus do 8 de janeiro, que faz corpo mole quando o assunto é punir quem tentou derrubar a democracia. É o mesmo Congresso que se curva ao cartel financeiro quando o assunto é privatização, mas faz corpo mole quando o assunto é punir quem tentou dar golpe.
O PSOL foi taxativo no pedido: “Trata-se de descumprimento flagrante de medida cautelar imposta pelo STF, configurando crime de desobediência e justificando a prisão preventiva para garantia da aplicação da lei penal”. Os deputados Guilherme Boulos, Talíria Petrone, Sâmia Bomfim, Ivan Valente e Fernanda Melchionna lembraram que Ramagem é réu em ação penal por organização criminosa, abuso de poder e tentativa de interferência indevida na Polícia Federal. Lembraram que ele é apontado como chefe da “Abin paralela” que produziu dossiês contra opositores. Lembraram que, mesmo deputado, não tem foro privilegiado para esses crimes.
O homem que transformou a Abin em filial do gabinete do ódio
Alexandre Ramagem não é qualquer parlamentar. É o homem que Bolsonaro tentou impor como diretor-geral da PF em 2020 para blindar a família das investigações. É o homem que, como diretor da Abin, montou estrutura paralela de espionagem que produziu relatórios falsos para proteger Flávio Bolsonaro no caso das rachadinhas. É o homem que, segundo a Polícia Federal, coordenou operação para monitorar ilegalmente ministros do STF, jornalistas, adversários políticos – tudo para alimentar o gabinete do ódio e as milícias digitais que coordenaram os ataques do 8 de janeiro de 2023.
E agora, quando a estratégia de Alexandre de Moraes fecha o cerco com prisões, condenações e quebra de sigilo das redes de ódio, Ramagem simplesmente vai passear em Miami. Como se as medidas cautelares fossem brincadeira. Como se a Justiça brasileira valesse só para pobre, para preto, para periférico. Porque enquanto jovens negros são presos por furto de xampu, enquanto mães são detidas por dívida de pensão, um deputado da extrema direita investigado por crimes contra a democracia viaja para os EUA e a Câmara diz que “não sabia”.
O cinismo ‘liberal’ da mídia hegemônica é de dar náusea. Os mesmos veículos que repercutiam o lixo da República Lava Jato agora chamam a viagem de Ramagem de “particular”. Os mesmos que chamavam Lula de “presidiário” agora descobrem “presunção de inocência” para quem tentou dar golpe. O golpe midiático continua, só mudou de alvo.
A Câmara que protege golpistas e trai a democracia
A nota da Câmara é um escândalo à parte. “A Casa não foi comunicada oficialmente”. Como se a presidência da Câmara não tivesse obrigação de fiscalizar seus deputados. Como se não soubesse que Ramagem está proibido de sair do país. É o mesmo Congresso que se curva ao cartel financeiro quando o assunto é privatização, mas faz corpo mole quando o assunto é punir quem tentou dar golpe.
O PSOL fez o que o Ministério Público Federal deveria ter feito há muito tempo: pedir a prisão imediata. Porque Ramagem não é apenas um deputado que viajou. É um investigado por crimes graves contra o Estado Democrático de Direito que, ao descumprir cautelar, demonstra risco concreto de fuga e desprezo pela Justiça. É o mesmo Ramagem que, em 2023, foi flagrado em reuniões com milicianos digitais para coordenar ataques ao STF. É o mesmo que ajudou a montar o esquema que serviu ao golpismo bolsonarista.
2026 já começou – e a extrema direita já está correndo
A viagem de Ramagem não é coincidência. Chega exatamente quando o STF acelera os julgamentos dos réus do 8 de janeiro e das milícias digitais digitais. Chega quando Bolsonaro segue inelegível. Chega quando a estratégia de Alexandre de Moraes mostra resultado: redes de ódio desarticuladas, financiadores expostos, condenações saindo uma atrás da outra.
A extrema direita sente o cerco fechar. E reage como sempre: fugindo. Carlos Bolsonaro em Orlando, Eduardo Bolsonaro em Dubai, agora Ramagem em Miami. Enquanto isso, o povo brasileiro segue pagando a conta do 8 de janeiro – com impostos, com medo, com a democracia sob ameaça constante das milícias digitais que eles mesmos criaram.
Mas o PSOL está fazendo sua parte. Está na linha de frente da defesa da democracia. Está dizendo o que o PT às vezes hesita: quem descumpre decisão judicial para passear em Miami enquanto é investigado por golpismo tem que ser preso. Ponto.
Porque a lei não pode ter duas medidas. Porque a democracia não se defende com diálogo com golpista. Defende-se com aplicação rigorosa da lei – especialmente contra quem passou quatro anos tentando destruí-la.
A contrainformação segue rompendo o cerco. Porque enquanto a mídia hegemônica chama isso de “polêmica jurídica”, nós chamamos pelo nome que merece: mais uma prova de que a extrema direita só respeita a lei quando ela serve a eles.
E quando o STF decretar a prisão de Ramagem – porque vai decretar –, que sirva de recado: Miami não é esconderijo para quem tentou dar golpe no Brasil. Aqui a Justiça pega. E pega pesado.
Fontes:
Reuters – Brazil’s PSOL party seeks arrest of lawmaker Ramagem after US trip
AP News – Brazilian party calls for arrest of lawmaker seen in Miami despite travel ban
The Guardian – Brazilian opposition party demands arrest of Bolsonaro ally Ramagem over Miami trip
AFP – PSOL pede prisão de deputado brasileiro visto em Miami apesar de restrições judiciais
BBC – Brazil’s PSOL requests arrest of deputy Ramagem after he was spotted in Miami
