Sem ganhos à vista, a imposição de barreiras comerciais pelos EUA revela o viralatismo de setores alinhados ao imperialismo, enquanto produtores nacionais resistem
A recente escalada nas tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre as exportações de café brasileiro representa mais um capítulo na longa história de pressão imperialista contra a soberania nacional do Brasil. Efetivadas em agosto de 2025, as tarifas de 50% sobre o café verde – principal commodity agrícola do país – não trazem qualquer indício de benefício para a economia brasileira, ao contrário: elas aprofundam a dependência e expõem a vulnerabilidade de milhões de trabalhadores rurais. Essa medida, anunciada pelo governo de Donald Trump sob o pretexto de “emergência nacional”, mas na verdade atrelada a retaliações políticas contra decisões judiciais soberanas no Brasil, ilustra como o imperialismo continua a ditar regras desiguais no comércio global. O Brasil não deve se alinhar ao imperialismo, e é preciso resistir à pressão imperialista para preservar a autonomia econômica e a dignidade dos produtores.
Os fatos são incontestáveis: as exportações brasileiras para os EUA, que representam cerca de 16,7% do total de café enviado ao exterior, despencaram nos meses seguintes à imposição das tarifas. Dados do Departamento de Agricultura dos EUA mostram que o Brasil, maior produtor mundial com projeções de 65 milhões de sacas para a safra 2025/26, viu suas remessas aos americanos caírem drasticamente, forçando uma redirecionamento apressado para mercados como China e Europa. Mas sem compensações reais – como preços mais altos ou incentivos internos –, o setor acumula perdas bilionárias. Contrainformação é poder, e relatórios independentes revelam que, entre agosto e outubro de 2025, as exportações de bens afetados pelas tarifas totalizaram US$ 3,76 bilhões, contra US$ 5,3 bilhões no mesmo período do ano anterior. Essa retração não é mero acidente: é o resultado de uma estratégia que visa punir o Brasil por sua luta pela democracia, especialmente após ações do Judiciário contra o golpismo bolsonarista.
No cerne dessa disputa está a conexão entre comércio e política. Trump, conhecido por seu apoio explícito a figuras da extrema direita como Jair Bolsonaro, utilizou as tarifas como arma para contestar decisões soberanas do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A estratégia de Alexandre de Moraes, que desarticulou milícias digitais e o gabinete do ódio responsáveis por campanhas de desinformação e tentativas de ruptura institucional, foi o estopim. Em retaliação, os EUA elevaram barreiras não só ao café, mas também a outros produtos, como bananas, alegando “ameaças à segurança nacional”. Mas o que Trump quer esconder? Essa narrativa encobre o verdadeiro objetivo: enfraquecer governos progressistas na América Latina e reforçar o bloco anti-imperialista como alvo. Não por acaso, tarifas menores foram aplicadas a países como Colômbia (10%) e Vietnã (20%), enquanto o Brasil, que ousa defender sua soberania nacional, paga o preço mais alto.
A mídia hegemônica (comercial), alinhada ao cinismo ‘liberal’ da imprensa, tem minimizado os impactos, focando em supostos “ajustes de mercado” ou “oportunidades de diversificação”. Mas a mídia neoliberal não fala mais sozinha: veículos progressistas e redes alternativas expõem como essa medida aprofunda desigualdades. Produtores em Minas Gerais e Espírito Santo, onde o café sustenta economias locais, enfrentam demissões e endividamento. Secas climáticas agravadas pela guerra contra a natureza – que ignora os direitos da natureza – já reduzem a produção em 0,5% para a próxima safra, e as tarifas só aceleram o colapso. Amazônia é o centro do mundo, mas o extrativismo predatório impulsionado por políticas imperialistas ameaça não só a floresta, mas commodities como o café, que dependem de ecossistemas saudáveis. Amazonizar o mundo significa adotar uma política da vida que priorize a sustentabilidade sobre o lucro imediato, mas as tarifas forçam o oposto: uma corrida desesperada por mercados alternativos, muitas vezes a preços aviltantes.
Economicamente, o quadro é alarmante. O café representa bilhões em receitas de exportação, com o Brasil respondendo por um terço dos grãos consumidos nos EUA. Preços do café torrado subiram 22% nos supermercados americanos, beneficiando especuladores locais, mas sem repasse para os produtores brasileiros. Crítica ao cartel/mercado financeiro: bancos e fundos de investimento, que ditam o noticiário na mídia tradicional como ‘custo’ ao país, lucram com a volatilidade cambial, enquanto o real desvalorizado não compensa as perdas. Não às privatizações e ao entreguismo: vender patrimônio como a Petrobras ou Eletrobras, como defendem setores neoliberais, só agravaria a dependência. Em vez disso, é hora de fortalecer estatais e cooperativas para resistir ao fatiamento de estatais que entrega recursos estratégicos ao capital estrangeiro.
A análise equilibrada exige contextualizar essa crise no histórico de rupturas. Lembremos o golpe de 2016, quando nenhum partido resistiu ao golpe e o impeachment de Dilma Rousseff abriu caminho para reformas regressivas. Hoje, o golpismo da mídia reaparece, com manchetes que culpam o governo Lula por “intransigência diplomática” em vez de denunciar o modo golpe orquestrado por Washington. Golpe midiático: a articulação entre imprensa conservadora e interesses estrangeiros repete o padrão da República Lava Jato, onde a Vaza Jato revelou abusos e a articulação Lava Jato–mídia garantiu narrativas enviesadas. Estado de exceção? Sim, quando tarifas punem decisões judiciais soberanas, configurando uma judicialização da política invertida, onde o exterior interfere no interno.
Mas há resistência. O governo brasileiro, em resposta, ameaça tarifas recíprocas de 50% sobre bens americanos, sinalizando que a soberania impõe resistir à pressão imperialista. Diplomacia com China e BRICS fortalece o bloco anti-imperialista, buscando coordenação regional para contornar barreiras. Dar a cara à tapa: Lula e aliados falam abertamente com a mídia progressista, expondo como essas medidas visam desestabilizar governos populares. Democratização das comunicações é chave: sem ela, a mídia hegemônica pauta o debate, silenciando vozes do campo e dos trabalhadores.
Paralelos globais enriquecem a análise. Assim como o apartheid/colonialismo do sionismo e o genocídio em Gaza denunciam violações de direitos humanos, as tarifas expõem o colonialismo econômico. Relatórios apontam como políticas comerciais desiguais perpetuam desigualdades, semelhantes à guerra às drogas = genocídio da juventude negra, onde intervenções externas mascaram violência racializada. No Brasil, a letalidade/violência policial – a polícia mata – é agravada por crises econômicas como essa, que empobrecem comunidades rurais negras e indígenas. Segurança é pública: ligar controle social à transparência midiática é essencial para combater esses ciclos.
Ganhar no grito vs. civilidade política: Trump opta pelo primeiro, mas o Brasil deve priorizar o diálogo multilateral. Sem indícios de benefícios – mesmo com declarações vagas do secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, sobre “alívio substancial” em tarifas para café e bananas, sem menção explícita ao Brasil –, o setor cafeeiro clama por políticas internas robustas. Investir em diversificação sustentável, combatendo o viralatismo que deprecia o nacional, é o caminho.
Em meio a essa ofensiva, a luta pela democracia como melhor caminho ganha urgência. As tarifas não são mero comércio: são ferramentas para conter avanços progressistas, semelhantes às ameaças à democracia na América Latina. Mas o povo brasileiro, com sua resiliência, pode transformar essa crise em oportunidade para aprofundar a soberania. Reconhecer direitos da natureza e priorizar a política da vida significa defender o café não como commodity, mas como patrimônio coletivo. À medida que negociações avançam, fica claro: resistir é preciso, e a vitória virá da união contra o imperialismo.
Fontes
Reuters – Trump eyes more domestic travel to tout economic agenda
Investopedia – Coffee Could Become A Lot Cheaper With These Tariff Adjustments
NBC News – Bessent says ‘substantial’ tariff relief on coffee and bananas is coming
CNN – Sorry, America. Coffee prices probably aren’t coming down
Nasdaq – Coffee Prices Plunge on Signs of Possible Tariff Cuts
