Megaoperação de segurança desloca sete líderes de alta periculosidade do Complexo de Gericinó, no Rio, para penitenciária de Catanduvas, no Paraná, em ação contra a atuação das facções.
Sete dos mais perigosos líderes do Comando Vermelho (CV), incluindo figuras notórias como Irmão Metralha e Naldinho, foram transferidos nesta semana sob forte esquema de escolta do Complexo de Gericinó (Bangu 1), no Rio de Janeiro, para penitenciárias federais, com destaque para a unidade de Catanduvas, no Paraná. A megaoperação, que contou com a participação de forças de segurança estaduais e federais, foi uma medida estratégica do governo fluminense para desarticular as ramificações do crime organizado que operam de dentro do sistema prisional, respondendo a recentes episódios de violência no estado.
Contexto
A decisão de transferir os criminosos de alta periculosidade surge em um momento de intensificação do combate ao crime organizado no Rio de Janeiro. O governo do estado tem enfrentado desafios significativos para conter a influência de líderes de facções que, mesmo detidos em presídios estaduais, conseguem manter o comando de suas operações criminosas nas ruas, orquestrando ataques e ditando ordens.
A operação de transferência foi inicialmente apurada e divulgada pela colunista Malu Gaspar e, posteriormente, confirmada por fontes oficiais do Governo do Estado do Rio de Janeiro. Entre os órgãos envolvidos na confirmação e suporte à ação, destacam-se a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) e o Ministério da Justiça, por meio da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen).
O Governador Cláudio Castro e a Secretária de Administração Penitenciária, Maria Rosa Nebel, têm enfatizado a necessidade de ações contundentes para garantir a segurança pública. A transferência dos sete detentos, que inclui os conhecidos “Irmão Metralha”, “Naldinho”, “My Thor”, “Bicinho”, “Choque”, “Cabeça do Sabão” e “Criam”, é um passo crucial nesse planejamento. A base legal para tal medida é a Lei nº 11.671/2008, que rege a inclusão e permanência de presos em estabelecimentos penais federais de segurança máxima.
Histórico de Medidas
Este movimento não é um evento isolado. O governo do Rio de Janeiro tem um histórico recente de operações de grande porte, como a megaoperação no Complexo do Alemão e na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha. Tais ações visam desestruturar a logística e o poderio financeiro das facções, que frequentemente se valem de territórios controlados para expandir suas atividades ilícitas.
A atuação de líderes como os ora transferidos dentro dos presídios estaduais era vista como um facilitador para a comunicação e a continuidade das atividades criminosas. Ao serem enviados para o sistema federal, a expectativa é de que o regime de segurança mais rigoroso, com maior restrição de contato, dificulte significativamente essa articulação.
Impactos da Decisão
A remoção desses chefes do Comando Vermelho para presídios federais tem como principal impacto esperado a desarticulação das redes de comando que operam a partir do sistema penitenciário fluminense. Em presídios de segurança máxima, a comunicação dos detentos com o mundo exterior é severamente limitada, impedindo que ordens e diretrizes sejam transmitidas para as células das facções nas ruas.
Do ponto de vista da segurança pública no Rio de Janeiro, a ação é um reforço importante. Embora a violência não cesse imediatamente, a perda de lideranças estratégicas pode gerar um vácuo de poder e desorganização momentânea entre os grupos criminosos, dando às forças policiais uma janela de oportunidade para novas investidas e prisões.
A medida também envia um sinal claro à criminalidade e à população: o governo está empenhado em combater a impunidade e a influência das facções. Conforme declarado por autoridades, a transferência visa mostrar que “não há privilégios ou intocáveis dentro do sistema prisional”, conforme notas divulgadas pela Seap. Essa postura reforça a confiança na capacidade do Estado de agir.
Reações e Cenários Futuros
Ainda não há confirmação oficial sobre possíveis retaliações por parte do Comando Vermelho em resposta às transferências. Contudo, historicamente, a desarticulação de lideranças pode levar a reajustes internos nas facções, ou até mesmo a demonstrações de força em tentativas de recuperar o controle ou intimidar as autoridades.
Os custos logísticos e operacionais de uma megaoperação como esta, que envolveu um aparato significativo de forças de segurança estaduais e federais, são consideráveis, mas são vistos como um investimento na segurança da população. A mobilização de efetivos e recursos demonstra a prioridade dada à questão do crime organizado.
Próximos Passos
Com os líderes do CV agora em presídios federais, a atenção se volta para o monitoramento rigoroso de suas atividades e comunicações. A inteligência das forças de segurança atuará intensamente para identificar qualquer tentativa de reorganização ou comunicação com as redes criminosas que ainda atuam no Rio de Janeiro e em outras partes do país.
O Ministério da Justiça, através da Senappen, em conjunto com as autoridades estaduais, continuará a acompanhar o panorama da segurança pública no estado fluminense. A expectativa é que, com a diminuição da capacidade de comando dos transferidos, haja uma redução gradual da influência direta sobre as atividades ilícitas, como tráfico de drogas, roubos e extorsões.
Não está descartada a possibilidade de novas transferências, caso a inteligência identifique outros líderes que estejam usando os presídios estaduais como quartéis-generais para o crime. A Lei nº 11.671/2008 oferece o respaldo legal para essas movimentações, sempre que houver risco à segurança pública ou indícios de que os detentos continuam a comandar ações criminosas.
Estratégia de Longo Prazo
A estratégia do governo do Rio de Janeiro e das autoridades federais é de longo prazo, visando não apenas a repressão imediata, mas a desestruturação permanente do poder das facções. Isso inclui investimentos em inteligência, aprimoramento do sistema prisional e ações coordenadas entre diferentes esferas de segurança e justiça.
A eficácia dessa medida será avaliada nos próximos meses, observando-se a diminuição de índices de criminalidade e a capacidade do Comando Vermelho de se rearticular. A colaboração entre as esferas estadual e federal é apontada como essencial para o sucesso contínuo dessas operações de grande porte.
Fonte:
Extra/Globo – Sete chefes do tráfico do Comando Vermelho são transferidos para presídios federais. Extra/Globo
