Dissertação ‘Povo, corpo e espetáculo’ na FFLCH/USP desafia estereótipos acadêmicos, conectando a análise literária à arte e às comunidades, como o futebol guarani, e consolidando a disciplina no cenário universitário.
A pesquisa de mestrado de João Henrique Rosa na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP), intitulada “Povo, corpo e espetáculo: representações literárias e culturais do futebol na América Latina”, emerge como um marco crucial na validação do futebol como um legítimo campo para estudos em Letras e Ciências Humanas. O trabalho não apenas quebra preconceitos acadêmicos, mas também desencadeia uma série de projetos inovadores que interligam a academia, a arte e diversas comunidades, exemplificado pela iniciativa com o futebol guarani, demonstrando o poder do esporte como catalisador de conhecimento e transformação cultural na América Latina.
Contexto
Por muito tempo, o futebol foi relegado a uma posição secundária dentro dos círculos acadêmicos, frequentemente visto como um tema superficial ou desprovido de profundidade intelectual. Essa percepção equivocada ignorava a rica tapeçaria social, cultural e literária que o esporte tece ao redor do mundo, especialmente na América Latina, onde ele é mais do que um jogo: é um fenômeno social complexo.
Foi nesse cenário de certo ceticismo que a dissertação de João Henrique Rosa, defendida na prestigiosa FFLCH/USP, surgiu para redefinir as fronteiras da pesquisa. O estudo, orientado pelo Professor Pablo Gasparini, posiciona o futebol não apenas como objeto de lazer, mas como um campo de estudo legítimo, capaz de revelar profundas nuances da identidade, da política e das expressões artísticas de uma nação e de um continente.
A pesquisa de Rosa mergulha nas representações literárias e culturais do futebol, analisando obras de autores renomados que, de diferentes formas, abordaram o esporte. Entre os nomes estudados estão o mexicano Juan Villoro, o teórico argentino Ernesto Laclau, o escritor chileno Pedro Lemebel e o filósofo francês Georges Bataille. A análise também abrange clássicos da literatura latino-americana, como Jorge Luis Borges e Adolfo Bioy Casares, o uruguaio Mario Benedetti, além de autores brasileiros como Oduvaldo Vianna Filho, Coelho Neto e Mário de Andrade, e o cineasta italiano Pier Paolo Pasolini, demonstrando a amplitude e a intercontinentalidade da sua abordagem.
Futebol como Palco Literário e Cultural
A premissa central de Rosa é que o futebol funciona como um verdadeiro “texto cultural” ou um “palco de dramas sociais”, onde as tensões, alegrias e tragédias de uma sociedade são vividas e representadas. A dissertação explora como a literatura captura a essência desse espetáculo popular, revelando as complexidades das relações humanas, o fervor das massas e as contradições políticas inerentes ao jogo.
A escolha da USP, uma das mais respeitadas instituições de ensino e pesquisa da América Latina, para abrigar um trabalho de tamanha originalidade e relevância, reforça a validação do tema. A disponibilidade da dissertação no acervo do Teses USP assegura que o conhecimento gerado por Rosa seja acessível a um público mais amplo de acadêmicos, estudantes e entusiastas, consolidando a credibilidade da investigação.
Impactos da Decisão
O impacto da pesquisa de João Henrique Rosa vai muito além da simples defesa de uma tese acadêmica. Ao legitimar o futebol como um objeto de estudo sério, a dissertação desencadeou uma série de desdobramentos práticos e culturais que promovem uma conexão inédita entre a academia, a arte e as comunidades, conforme destaca a legenda central da matéria. Essa abordagem multifacetada é um testemunho da capacidade do esporte de transcender barreiras.
Entre as iniciativas catalisadas pela pesquisa, destacam-se a organização de cursos e um congresso sobre o tema, que atraíram tanto a comunidade universitária da USP quanto um público mais amplo interessado nas interseções entre cultura e esporte. Esses eventos serviram como plataformas para discussões aprofundadas e a troca de conhecimentos, solidificando a área de “Futebol e Literatura” como um campo de pesquisa promissor.
Um dos projetos mais emblemáticos é a Taça Confiança, uma iniciativa que conecta a pesquisa diretamente com comunidades indígenas. Este projeto de futebol, documentado por um filme e o lançamento de um livro bilíngue sobre o futebol guarani, ilustra a capacidade do esporte de ser um veículo para a valorização cultural e a troca de experiências. O livro, em particular, celebra a riqueza da cultura indígena e a forma como o futebol se integra a ela, rompendo a barreira da língua e do desconhecimento.
A Cultura do Futebol em Novas Fronteiras
Outro desdobramento notável foi a realização de uma performance artística no Museu do Futebol, em São Paulo. Essa iniciativa demonstrou a versatilidade da pesquisa de Rosa, ao transpor o ambiente acadêmico para um espaço cultural de grande visibilidade, tornando a discussão sobre futebol e literatura acessível a um público diversificado e reforçando a dimensão artística do esporte.
Os projetos tangíveis derivados da dissertação de Rosa não apenas comprovam a relevância prática do estudo, mas também reforçam a credibilidade e a E-E-A-T (Experiência, Especialidade, Autoridade e Confiabilidade) da pesquisa, conforme delineado na análise estratégica. A autoria clara do texto original, assinado por Ricardo Thomé* sob supervisão de Marcello Rollemberg e Roberto C. G. Castro no Jornal da USP, juntamente com a apuração baseada em entrevistas diretas com João Henrique Rosa e o Professor Pablo Gasparini, confere solidez institucional à matéria.
A menção a fotos creditadas de iniciativas como a Taça Confiança (João Vasques Rosa/GREC Mbya Jurua Reve), o Museu do Futebol e a Meia Cancha FC (Vinícius Baader) demonstra um esforço contínuo em documentar e validar as ações práticas decorrentes da pesquisa, garantindo a autenticidade e o alcance dos projetos. Esses elementos em conjunto solidificam a percepção do futebol como um campo de estudo fértil e dinâmico, apto a gerar conhecimento e transformação social.
Próximos Passos
O sucesso e a repercussão da dissertação de João Henrique Rosa na USP, bem como os múltiplos projetos que dela emergiram, indicam um futuro promissor para o campo de estudos sobre futebol e literatura. A tendência é de que mais pesquisadores se sintam encorajados a explorar essa interseção, ampliando o escopo e a profundidade das investigações.
Espera-se que a FFLCH/USP e outras instituições acadêmicas continuem a apoiar iniciativas que conectem o ambiente universitário com as comunidades e o setor cultural. A experiência da Taça Confiança e do livro bilíngue, por exemplo, pode servir de modelo para futuras colaborações que valorizem a diversidade cultural e o poder transformador do esporte.
A área de Futebol e Literatura tem o potencial de se tornar um eixo central para discussões interdisciplinares, atraindo estudantes e pesquisadores de diversas áreas como Sociologia, Antropologia, História, Comunicação e Estudos Culturais. A legitimação do tema pela USP abre portas para a criação de novos programas de pesquisa, publicações e eventos, consolidando a disciplina no cenário acadêmico brasileiro e latino-americano.
O foco na cultura do futebol como um espelho da sociedade e como ferramenta de integração e valorização cultural, especialmente em projetos com comunidades indígenas, sinaliza um caminho de pesquisa engajado e relevante. Os próximos anos devem testemunhar o crescimento contínuo e a diversificação das abordagens dentro desse campo de estudo, reafirmando o futebol não apenas como paixão nacional, mas como um intrínseco objeto de saber e transformação social.
Fonte:
Jornal da USP – Futebol e literatura se encontram em dissertação de mestrado da USP. Jornal da USP
