Estudo Alarmante da American Heart Association Associa ‘Hormônio do Sono’ a Risco 90% Maior de Falência Cardíaca e Aumento de 3,5 Vezes nas Internações
Um novo e alarmante estudo divulgado hoje, 3 de novembro de 2025, pela prestigiada American Heart Association (AHA), revelou uma preocupante correlação entre o uso prolongado de melatonina e um risco significativamente elevado de desenvolver insuficiência cardíaca. A pesquisa, focada em adultos com insônia, aponta que o consumo contínuo do popularmente conhecido ‘hormônio do sono’ por mais de um ano está associado a um risco 90% maior de ser diagnosticado com falência do coração e uma probabilidade 3,5 vezes superior de internação por essa condição, alertando para os potenciais perigos do seu consumo indiscriminado e até mesmo para a morte.
Contexto
A melatonina, amplamente comercializada no Brasil como suplemento alimentar e acessível sem prescrição médica, ganhou notoriedade por sua suposta capacidade de auxiliar na regulação do sono. Milhões de pessoas ao redor do mundo recorrem a este hormônio sintético na esperança de combater a insônia e melhorar a qualidade do repouso noturno. No entanto, a facilidade de acesso e a percepção de ser uma substância “natural” muitas vezes mascaram a necessidade de uma compreensão aprofundada sobre seus efeitos a longo prazo e potenciais riscos.
Diferente de países como o Brasil, no Reino Unido, a melatonina só está disponível sob prescrição médica, o que reflete uma abordagem regulatória mais cautelosa. Essa disparidade regulatória levanta questões importantes sobre a segurança e a necessidade de supervisão profissional na administração do suplemento, especialmente diante de novas evidências que questionam sua inocuidade em uso contínuo.
O estudo da American Heart Association (AHA) emerge neste cenário como um divisor de águas. A AHA é uma das mais respeitadas organizações dedicadas à saúde cardiovascular, reconhecida globalmente por suas pesquisas e diretrizes que moldam a prática médica. A validação de um risco tão significativo por uma entidade de tal calibre confere peso e urgência às descobertas, exigindo atenção tanto da comunidade médica quanto do público geral que faz uso da substância.
A pesquisa se debruçou sobre um grupo de adultos com insônia, analisando os padrões de uso da melatonina e a incidência de insuficiência cardíaca ao longo de um período. Os resultados desafiam a percepção comum de que a melatonina é um suplemento completamente benigno, especialmente quando utilizado por períodos prolongados, superior a um ano. É crucial compreender que, embora a melatonina seja um hormônio produzido naturalmente pelo corpo, a suplementação exógena e contínua pode ter impactos sistêmicos ainda não totalmente elucidados.
Impactos da Decisão
As conclusões do estudo da American Heart Association são um alerta sério e possuem implicações profundas para a saúde pública e para milhões de indivíduos que utilizam a melatonina. A revelação de que adultos com insônia que usaram melatonina por mais de um ano tiveram 90% mais risco de serem diagnosticados com insuficiência cardíaca do que aqueles que não tomavam o suplemento é um dado que não pode ser ignorado, exigindo uma reavaliação urgente do perfil de segurança da substância para uso prolongado.
Em uma análise comparativa aprofundada, a pesquisa aponta que, nos últimos cinco anos, 4,6% dos usuários de melatonina viram seus corações falharem, um número consideravelmente superior aos 2,7% registrados entre aqueles que não faziam uso do hormônio. Essa diferença percentual ilustra a magnitude do risco associado, traduzindo-se em milhares de casos adicionais de falência cardíaca que poderiam ser evitados caso houvesse maior cautela e informação sobre o uso do suplemento. Além disso, números similares, indicando um risco aumentado de 82%, foram observados entre pacientes no Reino Unido com duas ou mais receitas de melatonina em um período de 90 dias, o que reforça a consistência das descobertas em diferentes contextos regulatórios.
Os riscos se estendem também à necessidade de internação. O estudo demonstrou que participantes que tomavam melatonina tinham 3,5 vezes mais riscos de serem hospitalizados por falência do coração do que aqueles que não faziam uso do hormônio. Em termos práticos, nos últimos cinco anos analisados, 19% dos usuários de melatonina foram internados devido a problemas cardíacos, enquanto apenas 6,6% daqueles que não tomavam o suplemento foram parar no hospital. Esses números ressaltam a gravidade das consequências, não apenas em termos de morbidade para os pacientes, mas também como um fardo adicional para os sistemas de saúde.
Revisão das Diretrizes de Saúde
Diante desses achados, é imperativo que as autoridades de saúde e as agências reguladoras, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Brasil, revisitem as classificações e as diretrizes de uso da melatonina. O status de “suplemento alimentar” pode subestimar os efeitos farmacológicos da substância, levando ao consumo sem acompanhamento médico adequado. É fundamental que os rótulos contenham advertências mais claras sobre os potenciais riscos cardiovasculares, especialmente para populações vulneráveis ou para aqueles que planejam um uso a longo prazo.
Profissionais de saúde – médicos, farmacêuticos e nutricionistas – desempenham um papel crucial na orientação dos pacientes. A partir de agora, a recomendação de melatonina deve ser feita com redobrada cautela, considerando o histórico de saúde do indivíduo, a duração do uso e a existência de comorbidades cardíacas. A educação contínua desses profissionais sobre as novas evidências científicas é essencial para garantir que as decisões clínicas sejam baseadas nas informações mais atualizadas e seguras.
Além da revisão das regulamentações e da educação profissional, é vital que haja um diálogo aberto com a indústria de suplementos. A transparência na comunicação dos riscos e a colaboração para estudos adicionais podem construir uma base mais sólida para um consumo consciente e seguro, garantindo que os consumidores tenham acesso a todas as informações necessárias para sua tomada de decisão.
Próximos Passos
As revelações da American Heart Association marcam o início, e não o fim, de uma discussão necessária sobre a segurança da melatonina. Os próximos passos incluem a necessidade de mais pesquisas para validar e aprofundar esses achados, explorando os mecanismos biológicos pelos quais a melatonina poderia impactar a função cardíaca e identificando possíveis subgrupos de risco. Estudos com desenhos metodológicos ainda mais robustos, incluindo ensaios clínicos randomizados e controlados em populações diversas, seriam valiosos para refinar o entendimento dos efeitos a longo prazo.
Para os milhões de brasileiros e indivíduos em todo o mundo que atualmente utilizam a melatonina para insônia, a recomendação mais prudente é buscar orientação médica. Interromper o uso por conta própria pode não ser a melhor estratégia, especialmente para aqueles que dependem do suplemento para gerenciar distúrbios do sono. Uma consulta com um cardiologista ou o médico assistente permitirá uma avaliação individualizada dos riscos e benefícios, além da discussão de alternativas terapêuticas seguras para a insônia.
No âmbito da saúde pública, campanhas de conscientização se fazem urgentes. É fundamental que a população compreenda que suplementos, mesmo que amplamente disponíveis, não são isentos de riscos e devem ser utilizados com discernimento. Governos e entidades de saúde precisam colaborar para disseminar informações claras e baseadas em evidências, capacitando os cidadãos a tomar decisões informadas sobre sua saúde e bem-estar, em vez de depender apenas da publicidade ou de informações descontextualizadas.
Ações Regulatórias e Vigilância Farmacológica
A Anvisa e órgãos reguladores internacionais deverão intensificar a vigilância farmacológica da melatonina. Isso pode envolver a revisão das permissões de venda, a obrigatoriedade de prescrição médica em novos contextos, e a exigência de estudos de pós-comercialização que monitorem os efeitos adversos em grande escala. A segurança do paciente deve ser a principal prioridade, e a regulamentação precisa evoluir à medida que novas evidências científicas emergem.
Além das ações regulatórias, o setor farmacêutico e as empresas produtoras de melatonina podem ser chamadas a colaborar. Isso inclui a reformulação de embalagens para incluir alertas mais explícitos, o financiamento de pesquisas independentes para aprofundar o conhecimento sobre os riscos e a colaboração com profissionais de saúde para garantir que as informações corretas cheguem aos consumidores. A transparência e a responsabilidade corporativa serão cruciais neste cenário em evolução.
Em última análise, a notícia da American Heart Association reforça a importância da abordagem cautelosa a qualquer suplemento ou medicação. O equilíbrio entre o benefício terapêutico e os riscos potenciais é uma constante na medicina, e a vigilância científica contínua é a chave para proteger a saúde da população. A melatonina, antes vista como uma solução simples para problemas de sono, agora exige uma nova perspectiva, com a devida consideração aos seus impactos cardiovasculares a longo prazo.
Fonte:
UOL – Uso prolongado de melatonina eleva risco de insuficiência cardíaca e morte. UOL
