Grupo de 19 moradores do Litoral Norte do RS, incluindo crianças e adolescentes, aguarda resgate em meio a aeroportos destruídos e mais de 40 mortes confirmadas no país caribenho
Dezenove moradores de Tramandaí, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, encontram-se atualmente ilhados na Jamaica, impossibilitados de retornar ao Brasil após a passagem devastadora do furacão Melissa. A catástrofe natural, ocorrida em 31 de outubro de 2025, causou a destruição massiva de aeroportos locais e já contabiliza mais de 40 mortes confirmadas. Em meio à angústia e incerteza, autoridades brasileiras e gaúchas estão em articulação constante para garantir o resgate e o retorno seguro do grupo, que inclui crianças e adolescentes.
Contexto
O furacão Melissa atingiu a Jamaica com uma intensidade sem precedentes, classificando-se como uma tempestade de grandes proporções. Seus ventos, com velocidades extremas, devastaram grande parte da infraestrutura da ilha caribenha, transformando cenários turísticos em paisagens de destruição. A força da natureza não poupou as principais vias de acesso e saída do país, com os aeroportos ficando completamente inoperáveis, isolando a região do fluxo aéreo internacional.
Neste cenário de caos, um grupo de 19 cidadãos gaúchos, todos residentes de Tramandaí, incluindo famílias com crianças e adolescentes, viu seu sonho de férias transformar-se em um pesadelo. Eles estavam na Jamaica a passeio e, com a súbita chegada do furacão, ficaram presos, sem meios de transporte aéreo para iniciar a jornada de volta para casa. A comunicação, já difícil pela situação, tornou-se ainda mais precária, gerando apreensão entre os familiares no Rio Grande do Sul.
Desde o momento em que a situação foi identificada, o Governo do Estado do Rio Grande do Sul e a Prefeitura de Tramandaí mobilizaram-se para prestar auxílio. A primeira ação foi estabelecer contato com o Ministério das Relações Exteriores, conhecido como Itamaraty, e, por sua vez, com a embaixada brasileira na Jamaica, buscando informações e coordenando esforços para o resgate.
Ação do Governo Gaúcho e Embaixada
A articulação entre os diferentes níveis de governo brasileiro foi fundamental. De acordo com informações do Governo do RS, houve contato direto com o Embaixador Antônio Ricarte, chefe da missão diplomática brasileira em Kingston. A embaixada, que já operava em regime de emergência, tornou-se o ponto focal para monitorar a situação dos gaúchos e buscar soluções logísticas para a repatriação. “Estamos trabalhando incansavelmente com todas as esferas do governo para garantir a segurança e o retorno desses cidadãos,” afirmou o Embaixador, segundo nota divulgada.
Paralelamente, o Prefeito de Tramandaí, Juarez Marques da Silva (Juarezinho), manteve um canal de diálogo aberto com as famílias dos retidos. O gestor municipal tem sido uma ponte vital entre as autoridades e os entes queridos dos viajantes, buscando oferecer suporte e as últimas atualizações sobre a situação. “A angústia dessas famílias é a angústia de toda a nossa cidade. Não mediremos esforços para trazê-los de volta,” declarou Juarezinho em coletiva de imprensa, demonstrando o compromisso da administração local.
Impactos da Decisão
A situação de incerteza na Jamaica tem gerado um profundo impacto psicológico nos 19 moradores de Tramandaí e, de forma ainda mais acentuada, em seus familiares no Rio Grande do Sul. A distância, a falta de comunicação constante e a dimensão da tragédia no país caribenho intensificam a preocupação. Muitos familiares relatam dias e noites de insônia, aguardando qualquer notícia que possa acalmar seus corações, especialmente aqueles com crianças e adolescentes no grupo retido.
Do ponto de vista logístico, o resgate do grupo apresenta desafios monumentais. A destruição dos aeroportos locais significa que as opções de voo comercial estão completamente inviabilizadas por tempo indeterminado. As autoridades brasileiras estão explorando alternativas, que incluem a possibilidade de voos humanitários ou o uso de aeronaves militares, o que exigiria uma complexa coordenação internacional e a garantia de condições mínimas de segurança nos aeródromos ainda operacionais ou em pistas improvisadas.
Os custos associados a uma operação de repatriação em larga escala, especialmente após um desastre natural, são significativos. Além dos gastos com transporte aéreo, há a necessidade de prover abrigo, alimentação e assistência médica aos retidos enquanto aguardam a solução. Não há informações oficiais detalhadas sobre quem arcará com esses custos, mas a expectativa é de que o Governo Federal, por meio do Itamaraty, juntamente com o apoio dos governos estadual e municipal, assuma a maior parte da responsabilidade, dada a emergência humanitária.
Panorama da Devastação na Jamaica
A passagem do furacão Melissa deixou um rastro de devastação por toda a Jamaica, mergulhando o país em uma profunda crise humanitária. Com mais de 40 mortes confirmadas e um número ainda não consolidado de desaparecidos, a nação caribenha enfrenta a reconstrução de sua infraestrutura. Hospitais, escolas, residências e estradas foram severamente danificados ou completamente destruídos. A falta de energia elétrica e a interrupção no fornecimento de água potável agravaram a situação, colocando em risco a saúde pública.
As equipes de resgate locais, com o apoio de organizações internacionais, trabalham incansavelmente para localizar sobreviventes e prestar socorro às vítimas. A dimensão da catástrofe exige um esforço coordenado e recursos vultosos para restabelecer a normalidade e garantir a assistência básica à população. A comunidade internacional, incluindo o Brasil, já manifestou solidariedade e está avaliando formas de suporte à recuperação do país.
Próximos Passos
A prioridade máxima das autoridades brasileiras e gaúchas é o resgate e o retorno seguro dos 19 moradores de Tramandaí. Planos de resgate estão sendo traçados com urgência, considerando as limitações impostas pela destruição da infraestrutura aérea da Jamaica. Uma das possibilidades é a utilização de aeroportos regionais menores que possam ter sofrido menos danos ou a viabilização de rotas alternativas por países vizinhos que possam servir de ponto de conexão seguro para a repatriação. No entanto, ainda não há um prazo definido para a execução da operação, o que mantém a apreensão.
O Ministério das Relações Exteriores mantém um canal direto de comunicação com as autoridades jamaicanas, buscando informações atualizadas sobre as condições de segurança e a capacidade de operação de quaisquer pontos de desembarque aéreo. O diálogo também inclui a discussão sobre a liberação de espaço aéreo para voos não comerciais e a garantia de permissões para operações de resgate que fujam dos padrões habituais. A complexidade da burocracia internacional em meio a uma crise exige agilidade e cooperação diplomática.
Enquanto aguardam o resgate, o grupo de gaúchos tem recebido o apoio possível por parte da embaixada brasileira, que trabalha para prover o que é necessário em termos de abrigo, alimentação e comunicação. Apesar das dificuldades, a representação diplomática está empenhada em mitigar os impactos da espera e garantir que os cidadãos brasileiros tenham o mínimo de conforto e segurança até que possam embarcar de volta para casa. A assistência consular em situações de desastre é um dos pilares da atuação diplomática.
Apoio às Famílias e Informações Oficiais
Para as famílias em Tramandaí e região, a Prefeitura Municipal tem disponibilizado canais de comunicação para fornecer atualizações e apoio. É crucial que os familiares busquem informações apenas por fontes oficiais para evitar a disseminação de notícias falsas e a criação de pânico desnecessário. O Governo do Rio Grande do Sul, em coordenação com o Itamaraty, prometeu divulgar comunicados periódicos com o progresso das ações de resgate, visando manter a transparência e a confiança da população.
A solidariedade da comunidade local em Tramandaí também tem se manifestado, com iniciativas de apoio e orações pelos retidos. O caso dos 19 gaúchos na Jamaica serve como um lembrete da vulnerabilidade humana diante dos desastres naturais e da importância da cooperação internacional e da ação governamental para proteger seus cidadãos em momentos de crise. A expectativa é que, em breve, a angústia dê lugar ao alívio do reencontro.
Fonte:
G1/Globo – Após furacão na Jamaica, grupo de 19 moradores do RS fica retido e não consegue voltar ao Brasil. G1/Globo
