Novas prisões elevam para sete o número de envolvidos no assalto às joias da coroa francesa; investigação minuciosa conecta recém-preso diretamente à cena do crime, mas butim milionário ainda não foi recuperado
Na noite de quarta-feira, 29 de outubro, a polícia francesa deflagrou uma nova fase da investigação sobre o espetacular roubo das joias da coroa do Museu do Louvre, em Paris, resultando na prisão de cinco novos suspeitos na capital francesa e em sua periferia. O anúncio oficial das detenções foi feito na manhã desta quinta-feira, 30 de outubro, pela Promotora de Paris, Laure Beccau, em entrevista à rádio RTL. Com estas novas prisões, o número total de detidos por envolvimento no crime chega a sete.
Um dos recém-detidos, cujo nome não foi divulgado, foi crucialmente identificado e ligado diretamente à cena do roubo por traços de DNA deixados no local. Este avanço representa um passo significativo para as autoridades, confirmando a participação direta de mais um indivíduo no comando assaltante que invadiu o museu. No entanto, apesar da intensificação da investigação e das prisões, as preciosas joias, avaliadas em 88 milhões de euros, permanecem em paradeiro desconhecido, exceto por uma peça que foi recuperada anteriormente.
Contexto
O assalto ao Museu do Louvre, ocorrido em 19 de outubro, chocou a França e o mundo. Quatro criminosos invadiram a prestigiosa Galeria de Apolo, um local de guarda de tesouros nacionais, e subtraíram nove valiosas joias da coroa francesa. A audácia do crime e o valor inestimável das peças roubadas geraram uma das maiores mobilizações policiais dos últimos anos no país.
A investigação, descrita pelos próprios investigadores como ‘minuciosa e monumental’, começou com a análise exaustiva das câmeras de segurança do Louvre e de toda a cidade de Paris. Este trabalho meticuloso permitiu às autoridades reconstituir o percurso dos assaltantes antes e depois do roubo. Os criminosos se encontraram em um ponto específico, de onde seguiram em uma camionete equipada com uma plataforma para a invasão do museu, acompanhados por duas scooters.
Após o assalto, a rota de fuga dos ladrões os levou em direção ao leste de Paris, onde abandonaram as scooters e as trocaram por um outro veículo, numa tentativa de despistar a polícia e ocultar seus passos. Esta complexa logística indicava a experiência e a organização por trás da ação criminosa, sugerindo um planejamento cuidadoso e coordenação entre os envolvidos.
As primeiras detenções ocorreram no sábado, 25 de outubro, quando dois homens foram presos. A polícia francesa identificou estes indivíduos como sendo os responsáveis por entrar fisicamente na Galeria de Apolo, através de uma janela, e subtrair as joias. Ambos moram em Aubervilliers, uma cidade na periferia norte de Paris, e foram formalmente acusados de roubo e conspiração para prática de crime pela Procuradoria de Paris, podendo enfrentar penas de até 15 anos de prisão.
Um dos primeiros detidos é um argelino de 34 anos, que reside na França desde 2010. Ele foi capturado às 20h de sábado no aeroporto internacional Charles de Gaulle, momentos antes de embarcar em um voo de ida para a Argélia. Com um histórico de trabalho como coletor de lixo e entregador, o suspeito estava desempregado no momento da prisão e já possuía condenações anteriores por roubo e infrações de trânsito. Sua identificação foi possível graças a amostras de DNA colhidas em uma das scooters utilizadas na fuga.
O segundo homem preso no sábado, um indivíduo de 39 anos, foi detido próximo à sua residência. Ele trabalhava como motorista de táxi clandestino e entregador. Assim como o primeiro suspeito, ele também tem antecedentes criminais, com duas condenações por roubo, registradas em 2008 e 2014. Em um desses incidentes, ele assaltou um caixa eletrônico utilizando um automóvel para arrombar o equipamento. O DNA deixado em uma das vitrines do Louvre e em objetos abandonados durante a fuga foi fundamental para sua identificação.
A Promotora Laure Beccau também esclareceu que, até o momento, as investigações não apontam para qualquer indício de cumplicidade interna no museu, rechaçando a hipótese de que funcionários do Louvre estivessem envolvidos no planejamento ou execução do roubo. Isso reforça a tese de uma ação externa, meticulosamente planejada e executada por um grupo de criminosos organizados.
O butim desaparecido e o apelo da Promotora
Das nove joias roubadas, apenas uma foi recuperada: a coroa da imperatriz Eugênia, que foi abandonada perto do local do crime pelos próprios assaltantes. As outras oito peças, cujo valor cultural e histórico é imenso, além do monetário, continuam desaparecidas, representando uma perda significativa para o patrimônio francês.
Horas antes das mais recentes prisões, a Promotora Beccau havia feito um apelo público emocionante pela devolução das obras. ‘Ainda guardo a esperança de que as joias possam ser encontradas e devolvidas ao Louvre e à nação. Quem comprá-las será culpado de receptação. Ainda está em tempo para restituí-las’, declarou ela, enfatizando a seriedade do crime e a esperança de reaver os tesouros.
Impactos da Decisão
As novas prisões, particularmente a de um suspeito diretamente ligado à cena do crime por DNA, marcam um ponto de virada importante na investigação do roubo do Louvre. A identificação de mais um participante direto no assalto fortalece a base de evidências contra o grupo criminoso e facilita a compreensão da dinâmica do roubo, oferecendo novas pistas sobre a rede de apoio e a possível localização das joias.
A declaração da Promotora Laure Beccau sobre a esperança de recuperação das joias e o aviso aos potenciais compradores de que estariam cometendo o crime de receptação ecoa amplamente, tanto no âmbito judicial quanto no cultural. A mensagem serve como um alerta para o mercado negro de arte, desestimulando a comercialização das peças roubadas e mantendo a pressão para sua eventual devolução.
Para o Museu do Louvre e para a nação francesa, cada avanço na investigação representa um alívio e uma renovação da esperança de que os bens culturais perdidos possam ser restaurados ao seu devido lugar. A recuperação das joias não é apenas uma questão de valor material, mas de resgate da história e do patrimônio, essenciais para a identidade cultural do país.
Segurança e Prevenção
O incidente no Louvre também levantou questões importantes sobre a segurança de grandes instituições culturais e a vulnerabilidade de acervos inestimáveis. Embora a investigação não tenha encontrado cumplicidade interna, o episódio serve como um lembrete contundente da constante ameaça de crimes contra o patrimônio e da necessidade de sistemas de segurança cada vez mais robustos e atualizados, especialmente em museus de renome mundial.
As condenações por roubo e conspiração para prática de crime, com penas que podem chegar a 15 anos de prisão, reforçam a seriedade com que a justiça francesa trata este tipo de delito. O rigor da lei busca não apenas punir os criminosos, mas também servir de exemplo para dissuadir futuras tentativas de crimes contra o patrimônio cultural.
Próximos Passos
Com sete suspeitos agora sob custódia, incluindo aqueles ligados por DNA e rastreamento, a fase inicial da investigação se aprofunda. Espera-se que os interrogatórios dos cinco novos detidos forneçam informações cruciais sobre o destino das joias desaparecidas, a identidade de outros possíveis cúmplices e a estrutura completa da organização criminosa por trás do assalto.
As autoridades continuarão o trabalho ‘minucioso e monumental’, buscando todas as conexões e seguindo cada pista. A prioridade máxima agora é a localização e a recuperação das oito joias que ainda estão perdidas. A Promotora Beccau e a polícia francesa manterão o apelo àqueles que possam ter informações, ou mesmo aos próprios ladrões, para que restituam as peças à nação.
A justiça seguirá seu curso para os sete suspeitos, que serão formalmente acusados e enfrentarão os procedimentos legais cabíveis. A expectativa é que, com a colaboração dos detidos ou com novas descobertas, o mistério do paradeiro das joias do Louvre seja finalmente desvendado, encerrando um dos mais notórios casos de roubo de arte da história recente.
Fonte:
O Globo – Polícia francesa prende mais cinco suspeitos de roubo no Museu do Louvre. O Globo
Folha de S.Paulo – França prende mais 5 suspeitos pelo roubo das joias do Louvre. Folha de S.Paulo
