Celebrado em 29 de outubro, o Dia Mundial da Psoríase reforça a importância de combater a desinformação, o preconceito e destacar os avanços nos tratamentos que permitem aos pacientes uma vida com mais qualidade, com a experiência de Beyoncé impulsionando a visibilidade.
Nesta quarta-feira, 29 de outubro, o mundo volta sua atenção para o Dia Mundial da Psoríase, uma data dedicada a aumentar a conscientização e diminuir o estigma em torno desta complexa doença autoimune, crônica e não contagiosa. A condição dermatológica, que afeta aproximadamente 1,31% da população brasileira e cerca de 3% globalmente (dados da OMS e SBD de 2021), manifesta-se por inflamações na pele e, em alguns casos, nas articulações, impactando significativamente a vida de milhões de pessoas. A recente revelação da superestrela Beyoncé sobre sua jornada com a psoríase desde a infância adiciona um poderoso endosso à causa, trazendo visibilidade crucial para a necessidade de diagnóstico precoce, tratamento adequado e combate ao preconceito.
Contexto
A psoríase é uma doença inflamatória e imunomediada, onde o próprio sistema imunológico ataca o corpo, provocando inflamações. Segundo o Dr. Gabriel Fernandes, dermatologista especialista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, essa resposta se manifesta através de vermelhidão, coceira, manchas, ressecamento e lesões nas unhas. No Brasil, mais de 2 milhões de pessoas convivem com a psoríase, enfrentando não apenas os desafios dermatológicos, mas também um risco elevado de desenvolver outras condições de saúde, como doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e depressão.
A complexidade da psoríase transcende a pele, sendo uma condição sistêmica que pode afetar diversas partes do corpo. O Dr. Rodrigo Duquia, médico dermatologista e professor da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), coordenador do ambulatório de doenças imunomediadas da Santa Casa de Porto Alegre, sublinha que as inflamações podem, inclusive, atingir as articulações, levando à temida artrite psoriásica. Se não tratada adequadamente, essa complicação pode resultar em dor severa, inchaço, rigidez e até danos articulares permanentes, culminando em incapacidade.
As causas da psoríase são multifatoriais, combinando a genética do paciente com fatores ambientais. Conforme a SBD, o estresse, a ansiedade e o tabagismo são elementos que podem desencadear ou agravar a doença. Apesar de não ter cura, a psoríase é controlável, e o diagnóstico, realizado por um dermatologista através da análise clínica das lesões, é o primeiro passo para um tratamento eficaz. Este pode variar de hidratação e medicamentos tópicos a orais e fototerapia, adaptados à gravidade de cada caso.
O Desafio do Diagnóstico e o Estigma Social
O caminho até o diagnóstico nem sempre é simples, como relata Maria da Graça Salles de Oliveira, que convive com a psoríase há mais de três décadas. Ela lembra que, no início, os médicos tinham dificuldade em identificar sua condição, gerando incertezas e angústia. ‘O diagnóstico foi difícil. No início, eu nem sabia o que era psoríase. Os médicos me diziam que era uma doença que não tinha cura e que eu teria que conviver com ela’, compartilha Maria da Graça.
Além da incerteza médica, pacientes como Maria da Graça frequentemente se deparam com o preconceito e o estigma social. ‘Já aconteceu de pessoas não me cumprimentarem, não pegarem na minha mão. Um dia me perguntaram se eu não tinha medo de contaminar as pessoas’, lamenta ela. O Dr. Gabriel Fernandes corrobora, explicando que a psoríase ainda é erroneamente vista como contagiosa, o que leva muitos pacientes a evitar situações sociais, como piscinas e praias, e até a usar roupas que escondam as lesões, mesmo em dias quentes, para escapar de olhares e questionamentos.
A Sociedade Brasileira de Dermatologia reafirma categoricamente: a doença não é contagiosa. Esta é uma informação crucial que o Dia Mundial da Psoríase busca disseminar, visando educar o público e desconstruir mitos que perpetuam o sofrimento dos pacientes para além dos sintomas físicos.
Impactos da Decisão
A decisão de dedicar um dia global à conscientização sobre a psoríase tem impactos profundos, especialmente no combate ao estigma e na promoção do conhecimento. A visibilidade gerada por campanhas e eventos, como os do 29 de outubro, é vital para educar a sociedade sobre a verdadeira natureza da doença, desmistificando a ideia de contágio e incentivando a empatia. Quando personalidades como a cantora Beyoncé abrem suas histórias, o efeito é amplificado, alcançando um público massivo e transformando a percepção pública sobre a psoríase.
A revelação de Beyoncé, divulgada por sua mãe, Tina Knowles, em entrevista à revista Essence, de que a artista lida com psoríase no couro cabeludo desde a infância, foi um marco. Tina Knowles não só detalhou os cuidados da filha com a condição, utilizando óleos de rosa e mel, mas também indicou uma predisposição genética, revelando que ela e o pai de Beyoncé também são afetados pela doença. Este testemunho de uma figura globalmente reconhecida é um divisor de águas, pois valida a experiência de milhões de pacientes, mostrando que a psoríase pode afetar qualquer pessoa, independentemente de sua fama ou status, e normalizando a discussão sobre a doença.
A Transformação Pela Visibilidade e Tratamento
Os avanços nos tratamentos para a psoríase têm um impacto revolucionário na vida dos pacientes. O Dr. Gabriel Fernandes destaca o sucesso dos tratamentos modernos: ‘Com o uso dos imunobiológicos e pequenas moléculas, observamos controle da doença em cerca de 90% dos casos. É importante que o paciente procure um médico e que siga o tratamento, para evitar a progressão da doença’. Essa evolução oferece uma nova perspectiva, possibilitando uma vida mais confortável e controlada, minimizando o impacto físico e emocional da doença.
Para Maria da Graça Salles de Oliveira, os tratamentos atuais representaram uma mudança radical. Ela, que antes tinha lesões por todo o corpo, hoje celebra a quase total ausência delas graças aos imunobiológicos. ‘Graças a Deus, os tratamentos evoluíram muito e hoje eu levo uma vida normal’, afirma, com um alívio palpável. ‘Graças ao tratamento, eu consigo usar roupas curtas, ir à praia e levar uma vida normal.’ A história de Maria da Graça personifica o impacto positivo das inovações médicas e da conscientização, que juntas, devolvem a qualidade de vida e a autoestima aos pacientes.
A decisão de investir em pesquisa e desenvolvimento de terapias mais eficazes demonstra um impacto direto na saúde pública e individual. O controle da doença não se restringe apenas às lesões cutâneas; ele se estende à prevenção de comorbidades sérias como as doenças cardiovasculares, diabetes e a já mencionada artrite psoriásica. A melhora na qualidade de vida e na autoestima tem reflexos profundos na saúde mental, combatendo a depressão e a ansiedade frequentemente associadas à psoríase.
Próximos Passos
Diante do panorama atual, os próximos passos para a comunidade médica, pacientes e sociedade civil são claros e multifacetados. A continuidade das campanhas de conscientização é fundamental. É preciso ir além do Dia Mundial da Psoríase e garantir que a informação precisa sobre a doença – que não é contagiosa e tem tratamento eficaz – seja constantemente disseminada, combatendo a desinformação e o preconceito em todos os níveis.
O Dr. Rodrigo Duquia reitera a urgência do diagnóstico precoce e da adesão rigorosa ao tratamento. ‘A psoríase não é apenas uma doença de pele, mas uma condição sistêmica que pode afetar outros órgãos e sistemas do corpo’, ele salienta. Para isso, o acesso a dermatologistas e a tratamentos modernos, incluindo os imunobiológicos, deve ser facilitado e ampliado, garantindo que todos os pacientes recebam o cuidado necessário para evitar a progressão da doença e suas complicações, como a artrite psoriásica.
Um aspecto crucial para o futuro é o incentivo ao acompanhamento multidisciplinar. O Dr. Duquia enfatiza que pacientes com psoríase se beneficiam enormemente da colaboração entre dermatologistas, reumatologistas e outros especialistas, conforme as particularidades de cada caso. Além disso, o apoio psicológico se faz indispensável, dada a carga emocional que a doença impõe. Criar e fortalecer redes de apoio, grupos de pacientes e oferecer acesso a profissionais de saúde mental são iniciativas que devem ser priorizadas.
A Importância da Pesquisa e Inovação
A pesquisa científica contínua é um pilar essencial para o futuro do tratamento da psoríase. Investimentos em novos estudos podem desvendar mais sobre as causas da doença, levar ao desenvolvimento de terapias ainda mais eficazes e, quem sabe, até mesmo à cura. A indústria farmacêutica, em colaboração com universidades e centros de pesquisa, tem um papel vital neste processo, buscando inovações que melhorem a qualidade de vida dos pacientes de forma ainda mais significativa.
Por fim, a lição de figuras públicas como Beyoncé, ao compartilhar suas experiências, serve como um poderoso catalisador. O engajamento de celebridades e influenciadores digitais pode continuar a impulsionar a visibilidade da psoríase, humanizando a doença e encorajando mais pessoas a buscar ajuda e a falar abertamente sobre suas condições. A desmistificação, a informação e o apoio são os pilares para que o futuro dos pacientes com psoríase seja de mais saúde, menos estigma e plena qualidade de vida.
Fonte:
Correio do Povo – Dia Mundial da Psoríase: o que é e como se manifesta a doença. Correio do Povo
Fonte:
Folha de S.Paulo – Psoríase afeta autoestima de pacientes e pode gerar inflamação das articulações. Folha de S.Paulo
Fonte:
Exemplo Teste de Notícia – Título indisponível. Exemplo Teste de Notícia
