Lula diz a Donald Trump que Bolsonaro ‘faz parte do passado’ da política brasileira e que ‘rei morto, rei posto’ após encontro bilateral na Malásia
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, e o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tiveram um encontro oficial bilateral na Malásia, em 27 de outubro de 2025, marcado por declarações contundentes de Lula sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro. A reunião, que visava o estreitamento de laços diplomáticos e comerciais, além de discutir pautas como tarifas impostas pelos EUA ao Brasil e sanções, ganhou um tom político aguçado com a afirmação de Lula de que Bolsonaro “faz parte do passado” e que “rei morto, rei posto”, ressaltando uma nova era na política brasileira.
Contexto
O encontro entre os dois líderes na Malásia é um marco significativo nas relações Brasil-EUA. Após um período de turbulência diplomática e desalinhamentos estratégicos, especialmente durante a gestão Bolsonaro, a presidência de Lula tem buscado uma reorientação na política externa brasileira, focando na multipolaridade e no resgate de alianças tradicionais e novas. A reunião com Trump, figura ainda proeminente na política americana, reflete a complexidade e a necessidade de diálogo em um cenário global dinâmico.
Os antecedentes destas relações bilaterais incluem flutuações consideráveis. Enquanto o governo anterior no Brasil manteve uma linha de alinhamento estreito com a administração Trump, a chegada de Lula ao poder sinalizou uma mudança de rumo, com o objetivo de diversificar parcerias e reposicionar o país no cenário internacional. A pauta da reunião, abrangendo desde negociações sobre tarifas comerciais até o levantamento de sanções, demonstra a profundidade dos interesses envolvidos e a busca por soluções pragmáticas para entraves econômicos.
No cenário político interno, tanto Brasil quanto Estados Unidos vivem momentos de intensa polarização. No Brasil, a figura de Jair Bolsonaro ainda ressoa, mas as recentes declarações de Lula buscam firmar a ideia de um ciclo encerrado. Nos EUA, Donald Trump mantém uma base de apoio substancial e sua influência é inegável, sendo um ator-chave na política americana, mesmo fora da Casa Branca. Este contexto adiciona camadas de complexidade e expectativa ao encontro na Malásia.
A Reconfiguração Diplomática e a Agenda Bilateral
A iniciativa de se encontrar com Donald Trump, mesmo com ele não sendo o presidente em exercício, sublinha a pragmática diplomacia de Lula em lidar com todas as esferas de influência política global. A intenção clara é de redefinir a imagem do Brasil no cenário internacional, afastando-se de alinhamentos ideológicos rígidos para priorizar os interesses nacionais, especialmente no âmbito do comércio exterior.
A percepção de Trump sobre o cenário político global e a relevância estratégica do Brasil como um ator fundamental na América Latina também são fatores importantes. Embora sua declaração à imprensa antes do encontro tenha sido breve, a disposição para a reunião indica um reconhecimento da importância do diálogo contínuo entre as duas maiores economias das Américas, independentemente das administrações. O interesse mútuo em discutir tarifas e sanções serve como um ponto de partida para potenciais avanços.
Segundo informações do Planalto, a delegação brasileira, liderada por Lula, levou à mesa de negociações uma série de propostas destinadas a fortalecer os laços econômicos e políticos. A superação de barreiras comerciais e a busca por um ambiente mais favorável para investimentos eram pontos centrais. A diplomacia brasileira, através do Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, tem enfatizado a importância de um diálogo construtivo para resolver pendências históricas e abrir novas oportunidades de cooperação.
Impactos da Decisão
A declaração de Lula a Donald Trump de que Bolsonaro “faz parte do passado” da política brasileira e que “rei morto, rei posto” carrega um peso político significativo, tanto internamente quanto no plano diplomático. Ela sinaliza não apenas uma postura de desvinculação em relação à gestão anterior, mas também uma tentativa de solidificar a percepção de que a era Bolsonaro é um capítulo encerrado para o futuro do país, especialmente diante de uma figura internacional com a qual Bolsonaro mantinha forte afinidade.
No Brasil, a repercussão imediata da fala de Lula foi notável nos meios políticos e entre os apoiadores do ex-presidente. A declaração tem o potencial de reacender debates sobre o legado e o futuro da direita no país, bem como intensificar a polarização política. Contudo, do ponto de vista do governo atual, a mensagem busca consolidar a narrativa de que o foco deve estar nos desafios atuais e nas propostas para o futuro, sem se prender ao passado.
Além das declarações políticas, as negociações sobre as tarifas impostas pelos EUA ao Brasil e sobre as sanções são cruciais para a economia brasileira. A expectativa é que um diálogo direto com Trump possa pavimentar o caminho para a revisão de medidas que impactam setores estratégicos, como o agronegócio e a indústria. Ganhos nestas áreas representariam um alívio importante para a balança comercial brasileira e um incentivo à produção nacional.
Repercussões Econômicas e Políticas e a Dinâmica Pós-Encontro
O impacto nas relações comerciais e no agronegócio, setores fundamentais para a economia do Brasil, pode ser substancial. A remoção ou atenuação de tarifas e sanções poderia abrir novos mercados e fortalecer a competitividade dos produtos brasileiros. O governo Lula aposta que a reaproximação com os Estados Unidos, mesmo em um cenário de alternância política, trará benefícios tangíveis para a economia e para a geração de empregos no país.
O Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, reiterou a jornalistas a importância do encontro, destacando que “o diálogo foi produtivo e abriu portas para futuras discussões em temas de interesse mútuo”, segundo informações do Planalto. Ele enfatizou que a prioridade do governo é buscar soluções concretas para os desafios econômicos e fortalecer a posição do Brasil no comércio internacional, aproveitando todas as oportunidades de negociação.
Do lado americano, a breve declaração de Donald Trump à imprensa antes do encontro não ofereceu detalhes específicos, mas a disposição para a reunião sugere um reconhecimento da importância do Brasil como parceiro estratégico. A ausência de comentários aprofundados por parte de Trump, contudo, pode indicar que as negociações estão em fase inicial ou que ele prefere manter uma posição mais reservada sobre os temas tratados.
Em um desdobramento que gerou atenção, Lula, em declarações a jornalistas após o encontro, também abordou tangencialmente questões relacionadas a Bolsonaro que têm sido pautas recentes no noticiário brasileiro. Ele mencionou a necessidade de se investigar a fundo pautas como um suposto “plano para matar” e, claro, o “julgamento de Bolsonaro”, afirmando a importância da justiça e da transparência para a saúde democrática do país. Para o nosso caso, trataremos as declarações de Lula sobre estes temas como foram apresentadas na apuração inicial.
Próximos Passos
Os desdobramentos esperados das negociações comerciais e diplomáticas incluem a formação de grupos de trabalho para aprofundar os temas discutidos. A expectativa é que Brasil e Estados Unidos possam avançar na redução de barreiras e na facilitação do comércio. A agenda bilateral prevê uma série de contatos nos próximos meses, visando a formalização de acordos e a implementação de novas políticas de cooperação em diversas áreas.
Prazos para novas reuniões ou para a concretização de acordos formais ainda não foram informados publicamente. No entanto, o Planalto tem sinalizado que a disposição para o diálogo é mútua e que há um compromisso em buscar resultados concretos a médio e longo prazo. A agenda de viagens e compromissos diplomáticos de Lula demonstra o empenho em manter o ritmo das negociações e consolidar as parcerias estratégicas do Brasil.
Os cenários políticos futuros no Brasil e nos Estados Unidos, especialmente com a contínua influência de Donald Trump na política americana, são incertos, mas o encontro na Malásia estabelece um precedente de comunicação direta. A capacidade de Lula de dialogar com diferentes espectros políticos globais pode ser um trunfo para a diplomacia brasileira, garantindo que os interesses do país sejam defendidos independentemente das flutuações geopolíticas.
O Legado do Encontro e as Perspectivas Futuras
O papel de Lula na América Latina e sua estratégia de alianças globais continuam a ser pautas importantes. O encontro com Trump pode ser visto como parte de um esforço mais amplo para reequilibrar as relações internacionais do Brasil, fortalecendo laços com potências diversas e evitando dependências excessivas. A mensagem de que Bolsonaro é “passado” também se alinha a essa busca por uma nova imagem internacional para o país.
A continuidade das discussões sobre os temas levantados na Malásia, com a participação ativa do Planalto e do Ministério das Relações Exteriores, será fundamental para transformar as intenções em resultados práticos. O acompanhamento das reuniões técnicas e a persistência diplomática são essenciais para que o encontro não seja apenas um evento simbólico, mas o início de uma nova fase nas relações bilaterais.
A expectativa sobre como a declaração de Lula moldará o debate político interno brasileiro nos próximos meses é alta. A afirmação de que “rei morto, rei posto” serve como uma provocação direta aos que ainda se apegam à figura do ex-presidente e reforça a narrativa de que o atual governo busca avançar, deixando para trás as controvérsias do passado recente. Esta postura, embora ousada, é característica da comunicação política de Lula e deve repercutir em diversos fóruns de discussão.
Potenciais encontros futuros entre representantes de ambos os países, e a dinâmica das relações entre os líderes em diferentes contextos internacionais, serão observados com atenção. A diplomacia é um processo contínuo, e o diálogo iniciado na Malásia entre Lula e Trump, com suas implicações políticas e econômicas, certamente continuará a influenciar a agenda externa brasileira e as perspectivas para o futuro das relações Brasil-EUA.
Fonte:
G1/Globo – Bolsonaro faz parte do passado, e Trump sabe que rei morto, rei posto, diz Lula após encontro com norte-americano. G1/Globo
