Potencial Governo Trump 2.0 Impulsiona Estratégias Militares, Econômicas e de ‘Lawfare’ para Controle Regional e Contenção da Influência Chinesa
Com a iminente ascensão de Donald Trump a um potencial segundo mandato, a partir de janeiro de 2025, os Estados Unidos estão reativando uma agressiva e modernizada “Doutrina Monroe“. Esta ofensiva multifacetada visa o controle implacável de recursos estratégicos na América Latina e Caribe – do petróleo venezuelano ao lítio andino – e a contenção da crescente influência da China na região, alertam especialistas e a renomada jornalista investigativa Stella Calloni. A estratégia envolve a expansão militar, táticas de lawfare, sanções econômicas e pressão política sobre governos que buscam autonomia, com países como Argentina, Venezuela e Equador já sentindo o impacto direto dessa recolonização velada.
Contexto
A “Doutrina Monroe“, proclamada em 1823, estabeleceu a América Latina como esfera de influência exclusiva dos EUA, historicamente justificando intervenções políticas e militares. Agora, sob a perspectiva de uma administração Trump 2.0, essa doutrina ganha novos contornos, sendo descrita como uma “nova Doutrina Monroe” ou “imperialismo 2.0” por analistas. O objetivo central é reafirmar a hegemonia norte-americana em um cenário geopolítico global multipolar, onde a disputa por recursos e a contenção de potências rivais, como a China, tornam-se prioritárias.
Segundo a jornalista argentina Stella Calloni, em entrevista publicada por El Ciudadano e Diálogos do Sul Global, os EUA buscam um controle total sobre o continente. Essa agenda é visível nas declarações de figuras influentes ligadas a Trump, como Marco Rubio, cotado para Secretário de Estado, que defende uma política externa “sem distrações”, com foco em “interesses americanos”, e Mike Waltz, um dos arquitetos da política de segurança nacional de Trump, que já afirmou categoricamente: “nós temos nossa Doutrina Monroe”.
A Disputa Global e a América Latina
A estratégia norte-americana é impulsionada pela crescente presença da China na região. Pequim tem expandido sua influência através da iniciativa “Nova Rota da Seda“, com investimentos massivos em infraestrutura e acordos comerciais que desafiam a primazia econômica dos EUA. O Almirante Alvin Holsey, comandante do Comando Sul dos EUA, testemunhou perante o Comitê de Serviços Armados do Senado, expressando preocupação com a expansão militar e econômica da China, que representa “a mais consequente ameaça estratégica na região”.
Essa disputa se manifesta em vários fronts. No campo militar, a matéria destaca a expansão de bases e treinamentos, como a “nova Escola das Américas”, em um esforço para “melhorar a interoperabilidade” das forças armadas latino-americanas com as dos EUA. A presença de conselheiros de segurança nacional, como James Jay Carafano da Heritage Foundation, sugere um alinhamento com a ideia de transformar as forças de segurança locais em “procuradores americanos”.
Além disso, a ênfase é colocada na exploração de recursos naturais estratégicos, como o petróleo na Guiana e Venezuela, e o lítio presente na Bolívia, Chile e Argentina. A matéria aponta que esses recursos são cruciais para a transição energética global, o que eleva a aposta na disputa geopolítica regional.
Impactos da Decisão
A “nova Doutrina Monroe” já manifesta seus impactos em diversos países latino-americanos. A Argentina, sob a presidência de Javier Milei, é apresentada como um exemplo de alinhamento com os interesses dos EUA, evidenciado pelo reconhecimento de “legítimos” decretos americanos e a permissão para a construção de uma base militar na Patagônia, próximo ao Canal de Beagle, com acesso à Antártida. Essa base, inicialmente justificada para operações humanitárias e científicas, é vista por críticos como uma posição estratégica militar para Washington.
A Venezuela continua a ser um alvo prioritário. A matéria detalha a pressão exercida através de sanções econômicas, como o sequestro de ativos da petrolífera CITGO nos EUA, visando desestabilizar o governo de Nicolás Maduro e, consequentemente, obter controle sobre suas vastas reservas de petróleo. O historiador Jay Sexton, especialista na Doutrina Monroe, argumenta que o verdadeiro interesse não é a democracia, mas sim o acesso e controle sobre os recursos.
Ferramentas de Pressão e Contenção
O conceito de lawfare (guerra jurídica) e “guerra de baixa intensidade” são apontados como ferramentas centrais nessa nova ofensiva. A hipotética Executive Order 14157, citada no material, expandiria a jurisdição americana para combater o narcotráfico transnacional, equiparando-o a terrorismo. Esse mecanismo, somado a legislações como o IEEPA (International Emergency Economic Powers Act) e o Kingpin Act, permitiria aos EUA congelar ativos e impor sanções a indivíduos e entidades, mesmo fora de seu território, sob a alegação de ameaça à segurança nacional.
A região do Caribe também está sob intensa vigilância e pressão, especialmente devido ao aumento da presença naval chinesa e russa. As manobras navais americanas na região buscam dissuadir qualquer influência externa. Segundo Edward Hunt e César Fonseca, essa postura militar é parte de uma estratégia mais ampla para garantir o domínio sobre rotas comerciais e recursos energéticos.
Outros países, como Equador e Colômbia, são mencionados em relação à pressão por alinhamento e ao combate à “influência externa”. A “nova Escola das Américas” simboliza o esforço de treinamento e doutrinação militar, reminiscentes de períodos anteriores de intervenção.
Próximos Passos
A implementação da “nova Doutrina Monroe” sob uma potencial administração Trump 2.0 sinaliza um período de intensificação das tensões geopolíticas na América Latina. A matéria sugere que os países da região enfrentarão crescentes desafios à sua soberania e autonomia. A pressão sobre governos que buscam alternativas à hegemonia dos EUA, como o fortalecimento de laços com a China, deverá se acentuar.
É esperado um aumento na presença militar dos Estados Unidos na região, através de novas bases, treinamentos conjuntos e operações de “segurança”. Essa expansão será justificada, em grande parte, pela luta contra o narcotráfico e o terrorismo, que são convenientemente redefinidos para ampliar o escopo de ação de Washington. A utilização de mecanismos como a Executive Order 14157, se efetivada, representaria uma expansão significativa do poder extraterritorial dos EUA.
Reações e Resistências
A reação dos países latino-americanos será crucial. Enquanto alguns governos, como o da Argentina de Milei, parecem dispostos a alinhar-se com a agenda dos EUA, outros poderão buscar reforçar a cooperação regional e fortalecer alianças com potências alternativas, como a China e a Rússia, para resistir às pressões. A matéria indica que o continente se tornará um campo de batalha ideológico e econômico, onde a soberania nacional estará constantemente em xeque.
A sociedade civil, movimentos sociais e setores acadêmicos na América Latina e Caribe deverão continuar a monitorar e denunciar as implicações dessa política externa dos EUA. A informação apurada por jornalistas como Stella Calloni e as análises de especialistas se tornam ferramentas essenciais para a compreensão e a defesa da autodeterminação dos povos latino-americanos em face dessa nova fase de intervenção.
Fonte:
Diálogos do Sul / Opera Mundi – Imperialismo 2.0: EUA promovem nova colonização com expansão de bases militares na América Latina. Diálogos do Sul / Opera Mundi
Brasil 247 – A Nova Doutrina Monroe: Como Trump reativa a guerra nas Américas. Brasil 247
Brasil 247 – Trump e a Nova Doutrina Monroe. Brasil 247
